31 janeiro, 2013

Braquiária decumbens - Brachiaria decumbens (Stapf)

Nome científico

Brachiaria decumbens (Stapf)

Nome comum

Capim-braquiária, braquiária, decumbens, braquiarinha

Origem

É uma espécie perene, que ocorre de forma nativa no leste tropical da África (do Equador aos paralelos 30ºL, N e S). No Brasil existem dois cultivares de B. decumbens, um de procedência do IPEAN (Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Norte) introduzido em 1965 denominado cultivar IPEAN e outro em 1970 proveniente de sementes importadas da Austrália, porém de origem africana denominado cultivar Basilisk.

Características morfológicas

É uma planta perene, com altura variada, dependendo do manejo, geralmente entre 30 e 60 cm de altura, prostrada, geniculada, radicante, emitindo raízes adventícias e brotos nos nós inferiores. Os rizomas apresentam-se na forma de nódulos pequenos. As folhas são macias e densamente pilosas. Inflorescência racemosa contendo racemos com fila dupla de sementes. Os rizomas apresentam-se em forma de nódulos pequenos emitem grandes quantidades de estolões, os quais se enraizam com facilidade. As folhas são rígidas e esparsamente pilosas.

Características edafoclimáticas

Tem sido a espécie mais plantada desse gênero na região dos cerrados. Foi a primeira a ser plantada em larga escala no Brasil, embora se desenvolva melhor em regiões tropicais úmidas (1100 a 1400mm de chuva/ano), onde as estações secas não duram mais que 4 a 5 meses. A B. decumbens apresenta altas concentrações de raízes em camadas mais profundas do solo, apresentando, portanto, alta resistência ao estresse hídrico.

Apresenta larga adaptação climática até 1.750m acima do nível do mar. A temperatura ótima para o crescimento é de 30-35ºC. Cresce bem no verão, porém a produção é afetada por baixas temperaturas, sofrendo com a ocorrência de geadas.

Adaptada a muitos tipos de solos, requer boa drenagem e condições de boa fertilidade, embora tolere condições de acidez. A produção de forragem varia com a fertilidade do solo e umidade disponível. Trabalhos realizados no IPEAN indicaram que produz quantidades satisfatórias de forragem em solos com teores baixos de fósforo e potássio. No entanto, tem demonstrado respostas acentuadas a níveis mais altos de P e K no solo e N em cobertura. O seu nível de produção eleva-se conforme aumenta a fertilidade do solo. Apresenta boa tolerância ao sombreamento, e produz bem sob plantações de coco, seringueira e eucalipto. Após o estabelecimento, tem habilidade para suprimir a competição de plantas invasoras, mas dificulta, por outro lado, a consorciação com leguminosas. Apresenta boa tolerância ao fogo, recuperando-se satisfatoriamente, brotando em 15-20 dias, em plena estação seca.

Entretanto, tem sido constatados efeitos de fotossensibilidade em animais com idade de 8 a 16 meses. O agente causador da fotossensibilização hepatógena é o fungo Phitomyces chartarum presente.

A Brachiaria decumbens é indicada para os sistemas de criação de bovinos e bubalinos, no entanto não é muito bem aceita por equinos, ovinos e caprinos.

Com relação à declividade é indicada para solos fortemente ondulados a montanhosos. Requer solos de profundidade efetiva moderadamente rasos. Apresenta boa tolerância a solos de textura média a arenosos. Possui a característica de alta proteção contra a erosão do solo na pastagem.

Estabelecimento

O processo mais apropriado para o plantio do capim Brachiaria decumbens e por sementes, embora se propague por mudas. Para boa formação de pastagens utilizam-se 2,0 Kg/ha de sementes puras viáveis, o que corresponde a 8,5 Kg/ha de sementes com 24% de valor cultural. Boa compactação do terreno após a semeadura, garante melhores condições para a germinação.

O plantio pode ser feito a lanço, manual (em locais montanhosos, onde a declividade não permite mecanização ou em áreas pequenas), mecanizado por tratores e distribuidores de calcário e ainda a lanço por aviões (em áreas muito extensas, de relevo ondulado e áreas desmatadas onde ficaram tocos, paus e resíduos pós queimada, tornando mais fácil e econômico o plantio aéreo). Nestes casos são necessárias maiores quantidades de sementes/ha sendo que na maioria dos casos adota-se de 40 a 50% a mais de sementes.

Também pode ser realizado por plantadeiras devendo-se atentar para profundidade, que deverá ficar entre 2 a 5 cm com espaçamento entre linhas de 15 a 20 cm de largura.

Usando como exemplo um valor cultural (VC) de 24% a quantidade de semente a ser usada é de 8,5 kg/ha. Dessa forma fica dificultada a operação de plantio sendo necessária a adição de produtos para que se dilua a quantidade de semente. Pode ser usado como veículo o adubo, terra, sepilho de madeira, casca de arroz e outros. Na maioria dos casos é necessária a aplicação de fertilizantes para plantio, podendo a semente ser adicionada com o adubo de plantio. Deve-se tentar para que a semente não fique em contato com o adubo por mais de 24 horas devido a desidratação da mesma, diminuindo sua eficiência de germinação.

Uso, composição e produção

As Braquiárias têm se mostrado como plantas de elevado potencial de produção de MS. A quantidade de forragem produzida pode variar muito, pois depende das condições de solo, clima e manejo da espécie utilizada. Assim, foram encontradas produções variando de 1 a 36 ton de MS/ha/ano (LEITE & EUCLIDES, 1994).

O valor nutritivo da forragem é influenciado pela fertilidade do solo, condições climáticas, idade fisiológica e manejo a que está submetida. VALLE (1994), durante 2 anos encontrou média de 13% de PB para B. decumbens com corte de 6 semanas de idade, no mês de fevereiro.

As maiores mudanças que ocorrem na composição química das forrageiras são aquelas que acompanham sua maturação.

Ataque de pragas

Susceptível ao ataque de cigarrinhas das pastagens das espécies: Aeneolamia sp., Deois flavopicta. Os ataques mais intensos têm sido observados em áreas de elevada precipitação, durante o período chuvoso. Na região Amazônica deixou de ser cultivada devido aos intensos ataques de cigarrinha.

Fonte: Guia de Caracterização de Gramíneas

29 janeiro, 2013

Sistema de Captura do Rhynchophorus palmarum com Armadilha Tipo Pet

A broca-do-olho-do-coqueiro, Rhynchophorus palmarum é considerada uma das principais pragas do coqueiro e do dendezeiro. Além de sua larva danificar a região de crescimento (meristema) do coqueiro, o adulto é o principal vetor do nematóide Bursaphelenchus cocophilus, agente causador da doença letal do coqueiro conhecida como anel-vermelho. Uma medida de controle recomendada para evitar a disseminação da doença no campo é reduzir a população do inseto vetor por meio do uso de armadilhas com iscas atrativas. O feromônio de agregação “rhyncophorol”, colocado no interior das armadilhas e em combinação com material atrativo, contribuiu para aumentar a eficiência de captura da praga, além de facilitar o monitoramento da presença da praga em determinada região.
Vários modelos de armadilhas podem ser utilizados na captura de adultos de R. palmarum em plantações de coqueiro e dendezeiro. Dentre os modelos usados destaca-se a armadilha tipo Balde (Figura 1), que possui as desvantagens do elevado custo do recipiente, perdas por roubo e vandalismo, possibilidade de quebra e de ressecamento e um maior gasto com o atrativo alimentar.
Uma nova armadilha foi desenvolvida na Embrapa Tabuleiros Costeiros para disponibilizar no mercado um modelo que fosse, ao mesmo tempo, de baixo custo, eficiente, prático e sem atrativo para roubo. Essa armadilha, feita com material reciclável, foi denominada de armadilha tipo Pet por utilizar na sua fabricação três garrafas plásticas de refrigerante (2 litros cada).

COMO CONFECCIONAR A ARMADILHA TIPO PET


A armadilha tipo Pet é feita basicamente com três garrafas plásticas de refrigerante (Figura 2), compondo-se das seguintes partes:
Parte A - garrafa com o gargalo voltado para baixo, formando um funil que permite a entrada da praga.
Parte B - garrafa cortada a meio centímetro do final da parte afunilada e que serve como câmara de captura dos adultos.
Parte C - garrafa, da qual são retirados o fundo e a parte afunilada do gargalo e que serve para a fixação das partes A e B.
A parte C da armadilha é fixada na parte A com pedaços de arame e na parte B pela pressão das duas garrafas entre si, para facilitar a troca do atrativo (pedaços de cana-de-açúcar ou outro atrativo) e a coleta dos adultos.
Na armadilha devem ser feitos pequenos furos, tanto no fundo, para evitar acúmulo de água (parte B), como nas laterais (partes B e C), para facilitar a aeração no interior da câmara de captura e a difusão do odor dos atrativos para o exterior da armadilha.

COMO TORNAR A ARMADILHA PET ATRATIVA AO RHYNCHOPHORUS PALMARUM


No interior da câmara de captura (parte B) são colocados toletes de cana-de-açúcar com cerca de 10 cm de comprimento, e pendurada no gargalo da garrafa (parte A) uma cápsula do feromônio de agregação de R. palmarum, tendo-se o cuidado de fazer, com uma agulha, um pequeno furo na tampa, para promover a liberação do produto. A cana-de-açúcar tem sido considerada a principal fonte alimentar para ser utilizada nas armadilhas em combinação com o feromônio de agregação do R. palmarum.
Outros materiais atrativos com poder de fermentação também poderão ser utilizados, a exemplo de mamão, inhame, mandioca, casca de coco verde, abacaxi.

DISTRIBUIÇÃO, INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DAS ARMADILHAS NO CAMPO


As armadilhas Pet devem ser distribuídas nas bordaduras do plantio a uma distância média de 200 m entre si, a uma altura aproximada de 0,8 m do chão, de preferência sob arbustos.
A inspeção das armadilhas é feita, de preferência, a cada 8 dias. Entretanto, nos períodos de baixa densidade populacional, as inspeções podem ser realizadas quinzenalmente.
A fonte de feromônio é trocada somente, quando for constatada redução do volume no interior da cápsula, ou quando ocorrerem alterações de coloração ou de consistência do produto. Não há necessidade de substituição da cápsula antes de três meses de exposição.

COLETA E ELIMINAÇÃO DOS ADULTOS CAPTURADOS


A freqüência recomendada para a coleta dos adultos capturados na armadilha Pet é de ou oito dias ou de 15 dias, a depender da densidade populacional da praga na área.
Durante a vistoria das armadilhas os adultos capturados devem ser manualmente eliminados.
Fonte: Joana Maria Santos Ferreira - Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2007