17 outubro, 2012

Etanol celulósico deve estar disponível em 2015

Tecnologia de 2ª geração poderá dobrar a produção de litros de etanol por hectare de cana.

O etanol celulósico, também conhecido como de segunda geração, deve estar disponível em escala comercial em 2015. A estimativa é de José Gustavo Teixeira Leite, presidente do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), instituto de pesquisa, localizado em Piracicaba (SP), responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias para o setor da cana-de-açúcar.

Diferentemente do etanol hoje disponível nos postos de combustíveis, feito a partir do processamento e do tratamento do caldo da cana, o celulósico é obtido a partir da biomassa, ou seja, da quebra da celulose do bagaço ou da palha da planta. “A tecnologia nós já dominamos, o desafio é tornar o etanol de segunda geração viável comercialmente, remunerando o produtor e sendo barato para o consumidor”, diz Leite.

Segundo ele, existem duas famílias de etanol que são objeto de pesquisa do CTC. O C6, que vai transformar as moléculas de seis átomos de carbono da celulose em etanol. E o C5, que produzirá o biocombustível, com outra parte da celulose, no caso, as moléculas de cinco carbonos . De acordo com o presidente do CTC, o C6 é o que deve chegar primeiro ao mercado – em 2015 -, trazendo ganhos de aproximadamente 30% em relação à produção atual de litros de etanol por hectare de cana.

“Atualmente, um hectare de cana gera em torno de 85 litros de etanol. Com o celulósico, teremos um aumento entre 25 a 30 litros por hectare.” Mais adiante, com o advento do C5, o avanço, diz Leite, será de 50% em cima do incremento já obtido com o C6. “Por volta de 2020, com o pacote completo, o crescimento chegará entre 80% a 90% do volume atual.”

Desafios

Na avaliação do executivo, a viabilização comercial do etanol celulósico passa necessariamente por “pegar carona” nas atuais instalações do parque agroindustrial das usinas, com o objetivo de racionalizar custos. “A produção terá que ser adaptável à infraestrutura que já existe. Não dá para começar uma fábrica do zero.”

Além disso, o pré-tratamento da biomassa, que facilite o trabalho das enzimas – responsáveis por transformar o bagaço e a palha da cana em açúcares fermentáveis para fabricação de etanol – será outra etapa fundamental para viabilizar comercialmente o biocombustível de segunda geração.

Fonte: AGROLINK (http://www.agrolink.com.br)

Sorgo - Apresentação

A cultura do sorgo apresentou expressiva expansão nos últimos anos agrícolas, atingindo em 2008/2009 uma área plantada acima de 1,5 milhão de hectares. Do ponto de vista agronômico, este crescimento é explicado, principalmente, pelo alto potencial de produção de grãos e matéria seca da cultura, além da sua extraordinária capacidade de suportar estresses ambientais. Deste modo, sorgo tem sido uma excelente opção para produção de grãos e forragem em todas as situações em que o déficit hídrico e as condições de baixa fertilidade dos solos oferecem maiores riscos para outras culturas, notadamente o milho. Do ponto de vista de mercado, o cultivo de sorgo em sucessão a culturas de verão tem contribuído para a oferta sustentável de alimentos de boa qualidade para alimentação animal e de baixo custo, tanto para pecuaristas como para a agroindústria de rações. Atualmente, em toda a região produtora de grãos de sorgo do Brasil Central, o produto tem liquidez para o agricultor e grande vantagem comparativa para a indústria, que, cada vez mais, procura alternativas para compor suas rações com qualidade e menor custo.

O avanço da moderna agricultura no Cerrado e os seus sistemas de produção continuam ampliando as possibilidades para os diferentes tipos agronômicos de sorgo. A soja, principal parceira no sistema de sequência de culturas, avança para os estados do Norte e do Nordeste. O sorgo segue este avanço. O sistema de plantio direto abre um amplo campo para integração do sorgo ao sistema como excelente produtor de palha de alta qualidade, além de ser excelente elo na cadeia da integração lavoura-pecuária-floresta.

A agroindústria de carnes se expande na região, na busca de matérias primas de menor custo para alimentação de plantéis de aves, suínos e bovinos. A pecuária de leite e de corte se profissionaliza cada vez mais, à medida em que os mercados consumidores de carne bovina exigem mais qualidade e preço competitivo. O milho, principal ingrediente para alimentação animal no país, está se valorizando, em especial pela grande expectativa de exportação do produto per se ou embalado no complexo das carnes. Para manter o mercado de rações abastecido com grãos de qualidade confiável e custo ajustado ao negócio, o sorgo já é reconhecido como o principal grão alternativo ao milho na chamada cesta básica de ingredientes forrageiros, junto com o próprio milho, o trigo, o triticale, o farelo de arroz e a fécula de mandioca.

A visão de que o Brasil está se tornando um dos principais fornecedores de carnes para os mercados internacionais - além do mercado doméstico - e que, por isso, a oferta alternativa de grãos forrageiros e as diferentes formas de forragem, de custo compatível com as demandas desses mercados, é um fator imprescindível para se alcançar os objetivos do país. Para o Brasil, é estrategicamente importante ter uma área ocupada com sorgo para a garantia do abastecimento de grãos. A produção brasileira de grãos depende quase que exclusivamente da precipitação pluviométrica. Em anos com ocorrência de condições desfavoráveis, normalmente há déficit na produção de grãos e o sorgo, sendo uma cultura de vocação para cultivo em condições adversas de clima e solo, poderia reduzir o impacto desse fator no abastecimento de grãos.

O investimento na produção e na utilização do sorgo no Brasil se justifica dentro da política estabelecida pelo governo, que seria o aumento da eficiência, da qualidade e da competitividade dos produtores, e pelo conceito mundialmente aceito de agricultura sustentada. O sorgo pode substituir parcialmente o milho nas rações para aves e suínos e totalmente para ruminantes, com uma vantagem comparativa de menor custo de produção e valor de comercialização de 80% do preço do milho. Além disso, a cultura tem mostrado bom desempenho como alternativa para uso no sistema de integração lavoura-pecuária e para produção de massa, proporcionando maior proteção do solo contra a erosão, maior quantidade de matéria orgânica disponível e melhor capacidade de retenção de água no solo, além de propiciar condições para uso no plantio direto.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA

Sorgo - Ecofisiologia

O sorgo é uma planta C4, de dia curto e com altas taxas fotossintéticas. A grande maioria dos materiais genéticos de sorgo requerem temperaturas superiores a 21 o C para um bom crescimento e desenvolvimento. A planta de sorgo tolera mais, o déficit de água e o excesso de umidade no solo, do que a maioria dos outros cereais e pode ser cultivada numa ampla faixa de condições de solo. Durante a primeira fase de crescimento da cultura, que vai do plantio da germinação até a iniciação da panícula (EC1) é muito importante a rapidez da germinação, emergência e estabelecimento da plântula, uma vez que a planta é pequena, tem um crescimento inicial lento e um pobre controle de plantas daninhas nesta fase pode reduzir seriamente o rendimento de grãos. Embora não exista dados concretos disponíveis, acerca de como os estádios iniciais da cultura pode afetar o rendimento, é lógico pensar que um bom estande, com rápida formação de folhas e sistema radicular tornará aquela cultura apta a enfrentar possíveis estresses ambientais durante o seu ciclo. Os híbridos de maneira geral tem uma formação de folhas e sistema radicular mais rápidos do que linhagens ou variedades. Quando se compara materiais forrageiros, principalmente variedades, estas são mais lentas que os graníferos.

Na fase seguinte (EC2) que compreende a iniciação da panícula até o florescimento, vários processos de crescimento, se afetados, poderão comprometer o rendimento. São eles: desenvolvimento da área foliar, sistema radicular, acumulação de matéria seca e o estabelecimento de um número potencial de sementes. Esse último é provavelmente o mais critico desde que maior número de grãos tem sido geralmente o mais importante componente de produção associado ao aumento de rendimento em sorgo. Na terceira fase de crescimento (EC3) que vai da floração a maturação fisiológica os fatores considerados mais importantes são aqueles relacionados ao enchimento de grãos. Durante as três etapas de crescimento, a fotossíntese, o particionamento de fotoassimilados e a divisão e expansão celular devem estar ajustados visando um bom rendimento da cultura. É lógico pensar que o rendimento final é função tanto da duração do período de enchimento de grãos como da taxa de acumulação de matéria seca diária.

Altura da planta e desenvolvimento inicial das folhas

A altura da planta é importante para sua classificação relacionada ao seu porte. Pode variar desde 40 cm até 4 m. A altura do caule até o extremo da panícula varia segundo o número e a distância dos entrenós e também segundo o pedúnculo e a panícula. A quantidade de nós está determinada pelos genes da maturação e por sua reação ao fotoperíodo e a temperatura. A distância dos entrenós varia segundo as combinações de 4 ou mais fatores genéticos e segundo o ambiente. Por outro lado a distância do pedúnculo e da panícula com fregüência são independentes.

A altura da planta portanto é controlada por quatro pares de gens principais (dw1, dw2, dw3 e dw4), os quais atuam de maneira independente e aditiva sem afetar o número de folhas e a duração do período de crescimento. As plantas com os gens recessivos nos quatro loci resultam em porte mais baixo (60-80 cm), caracterizadas pelo nanismo e são chamadas "anãs-4"; enquanto que as plantas com gens recessivos em três loci e dominante no outro locus são chamadas "anãs-3". Cultivares graníferos normalmente são "anãs-3 e cultivares forrageiras são "anãs-2 ou "anãs-1", com gens recessivos em dois ou um loci respectivamente. A taxa de produção de matéria seca no sorgo é fortemente afetada pela área foliar no primeiro estádio de crescimento (germinação a iniciação da panícula). A área foliar final é determinada pelas taxas de produção e duração da expansão, pelo número de folhas produzidas e a taxa de senescência, os quais são fatores bastante afetados pelo ambiente.

A temperatura, o déficit de água e as deficiências pelos nutrientes, afetam as taxas de expansão das folhas, altura da planta e duração da área foliar, sobretudo nos genótipos sensíveis ao fotoperíodo. Esses efeitos podem ser modificados por mudanças na duração do dia. A insuficiência de água é uma das causas mais comuns de redução de área foliar e está relacionada com a expansão das células. A temperatura noturna do ar baixa, geralmente atrasa o desenvolvimento dos estádios EC 2 e EC 3.

Existem diferenças consideráveis das taxas diurnas de crescimento das folhas de sorgo, provavelmente como reflexo das diferenças ambientais. Tem-se observado taxas de expansão foliar de aproximadamente 60 cm2 planta-1 dia-1 o qual se traduz em taxa de crescimento relativo de 70% por dia. As folhas mais velhas mostram taxas de fotossíntese e de crescimento mais baixas, devido a mudanças causadas pela senescência. A quantidade e qualidade de luz também são importantes para a expansão foliar. Folhas que crescem em altas intensidade de luz, têm freqüentemente um maior número de células maiores que aquelas que crescem em intensidade de luz mais baixas.

O estádio de três folhas completamente desenvolvidas é caracterizado pelo ponto de crescimento ainda abaixo da superfície do solo. Enquanto a taxa de crescimento da planta depende grandemente da temperatura, esse estádio usualmente ocorrerá cerca de 10 dias após a emergência. Como o ponto de crescimento ainda está abaixo da superfície do solo, caso aconteça algum problema com a parte aérea, como por exemplo chuva de granizo ou alguma outra intemperia da natureza, isto não matará a planta, ela terá condição de sobreviver. O sorgo no entanto não recupera tão vigorosamente como o milho. No estádio de 5 folhas, aproximadamente 3 semanas após a emergência o ponto de crescimento ainda está abaixo da superfície do solo. A perda das folhas igualmente não matará a planta. O crescimento nesse caso será mais vigoroso que no estádio anterior, porém ainda menos vigoroso que o milho. Nos estádios iniciais da planta de sorgo, ela entra no chamado período de crescimento rápido, acumulando matéria a taxas aproximadamente constantes até a maturação, desde que as condições sejam satisfatórias.

Com cerca de 30 dias após a emergência ocorre a diferenciação do ponto de crescimento (muda de vegetativo, "produtor de folhas" para reprodutivo, "produtor de panícula"). O número total de folhas nesse estádio, já foi determinado e o tamanho potencial da panícula será brevemente determinado. Cerca de 1/3 da área total foliar está totalmente desenvolvida. Neste estádio a planta se encontra com 7 a 10 folhas, dependendo do seu ciclo, sendo que 1 a 3 folhas baixeiras já foram perdidas. Crescimento do colmo aumenta rapidamente, absorção de nutrientes também é rápida. O tempo compreendido entre o plantio até a diferenciação do ponto de crescimento geralmente é cerca de 1/3 do tempo compreendido entre semeadura e maturidade fisiológica.

Perfilhamento

O perfilhamento no sorgo forrageiro é uma característica considerada vantajosa, ao passo que para o sorgo granífero pode não ser, sobretudo quando não há coincidência de maturação entre planta mãe e perfilhos. Neste caso o perfilhamento pode ter efeito negativo no rendimento por sombrear as folhas da planta mãe e pela competição do uso de água e nutrientes do solo.

O perfilhamento é influenciado pelo grau de dominância apical, que é regulado por fatores hormonais, ambientais e genéticos. O perfilhamento pode ser basal ou axilar. O perfilhamento axilar é originado nas axilas das folhas, enquanto que o basal origina-se de gemas basais (1 º nó) logo após o início do desenvolvimento das raízes secundárias ou depois do florescimento. Todas as gemas dos nós são morfologicamente idênticas e possuem potencial para formar perfilho. No entanto são mantidos em "dormência" através do fenômeno da dominância apical.

A dominância apical é uma característica herdável e pode ser modificada por fatores ambientais como: temperatura do ar, fotoperíodo e umidade do solo. Fatores de manejo da cultura igualmente afetam o perfilhamento, como por exemplo a população de plantas, quanto menor a população de plantas maior a possibilidade de perfilhamento.

O sorgo geralmente produz mais perfilhos em dias curtos e a temperaturas do ar mais baixas. Os perfilhos naturalmente são mais sensíveis ao déficit hídrico que a planta mãe. Acredita-se que quanto maior a disponibilidade de fotoassimilados de reserva na planta maior será o grau de perfilhamento. Dentro deste contexto quando não há fotoassimilados suficientes para a planta mãe e perfilhos, esses ainda que iniciados, podem simplesmente não se desenvolverem. Qualquer dano no ápice de crescimento na planta pode iniciar o processo de perfilhamento, uma vez que a dominância apical será quebrada. Ex.: dano no ápice por insetos, estresse severo de água ou temperatura. Danos causados por insetos na panícula principal vai originar os perfilhos axilares, os quais se desenvolvem de gemas laterais.

Sistema Radicular

O crescimento das raízes de sorgo está relacionado com a temperatura do ar e é limitado pela falta de umidade no solo e disponibilidade de fotoassimilados oriundos das folhas. Um dos fatores mais importantes que afetam o uso de água e a tolerância a seca é um sistema radicular eficiente.

Os tipos de raízes encontrados no sorgo são: primárias ou seminais, secundarias e adventícias. As primárias podem ser uma ou várias, são pouco ramificadas e morrem após o desenvolvimento das raízes secundarias. As secundarias desenvolvem no primeiro nó, são bastante ramificadas e formam o sistema radicular principal. Já as adventícias podem aparecer nos nós acima do solo. Geralmente aparecem como sinal de falta de adaptação. São ineficientes na absorção de água e nutrientes, sua função é mais de suporte.

Se fizermos uma comparação entre raízes primárias de milho e sorgo será encontrado que ambas as culturas apresentam basicamente a mesma quantidade de massa radicular, porém as raízes secundarias do sorgo são no mínimo o dobro daquelas encontradas no milho. Além do mais o sistema radicular do sorgo é mais extenso, fibroso e com maior número de pêlos absorventes. A profundidade do sistema radicular chega até 1,5 m (sendo 80% até 30 cm de profundidade no solo), em extensão lateral alcança 2,0 m. O crescimento das raízes em geral termina antes do florescimento, nessa fase a planta passa a priorizar as partes reprodutivas (panículas) as quais apresentam grande demanda por fotoassimilados. Em solos ácidos com alta saturação de Al tóxico a formação do sistema radicular é reduzido. Plantas com gens para tolerância a Al tóxico desenvolvem um sistema radicular mais profundo e mais eficiente na aquisição de água e nutrientes. Geralmente variedades de sorgo resistentes a seca tem mais biomassa radicular e maior volume de raízes e também maior proporção raiz/caule que os materiais susceptíveis a seca.

O estresse de fósforo, comum em solos dos Cerrados, pode ser corrigido através de adubações fosfatadas. Neste caso, os subsolos do cerrado geralmente aumentam a proporção raiz / parte aérea das plantas na tentativa de explorar um perfil maior do solo.

Desenvolvimento da parte aérea

A fotossíntese fornece cerca de 90% a 95% da matéria seca ao vegetal, assim como a energia metabólica requerida para o desenvolvimento da planta. Durante o ciclo, a planta de sorgo depende das folhas como os principais órgãos fotossintéticos, e a taxa de crescimento da planta depende tanto da taxa de expansão da área foliar, como da taxa de fotossíntese por unidade de área foliar. Na medida que a copa da planta se fecha, outros incrementos no índice de área foliar têm pouco ou nenhum efeito sobre a fotossíntese, a qual passa a depender da radiação solar incidente e da estrutura da copa vegetal. A inflorescência do sorgo, considerada grande para os padrões normais, pode interceptar 25 a 40% da radiação incidente e fornecer 15% ou mais da fotossíntese total da copa, variando é claro com o genótipo.

As taxas de fotossíntese das folhas do sorgo vão de 30 a 100 mg CO 2 dm -2 h -1 dependendo do material genético, intensidade de luz fisiologicamente ativa e da idade das folhas. Folhas de sorgo contém um grande número de estômatos, por sinal tem sido estimado que estas possuem 50% a mais de estômatos por unidade de área do que a planta de milho, porém os estômatos do sorgo são menores. O número total de folhas numa planta varia de 7 a 30, sendo geralmente de 7 a 14 para genótipos adaptados de sorgo granífero. O comprimento da folha pode chegar a mais de 1 metro, enquanto que a largura de 0,5 a 15 cm. Os fatores que determinam o número de folhas no sorgo são: cultivar, fotoperíodo, e temperatura. As partes da folha incluem: limbo no qual estão presentes os estômatos localizados nas 2 faces; bainha a qual liga-se ao nó e envolve o internódio acima e a lígula, que é a junção da bainha com o internódio. A posição da folha na planta pode variar de vertical a horizontal, concentrando-se se mais na base ou ainda serem uniformemente distribuídas na planta. As folhas do sorgo possuem depósito de substância cerosa na junção da bainha com o limbo, o que leva a planta perder menos água na transpiração, sendo importante para a economia de água sobretudo em condições de estresse hídrico.

Leva-se de 3 a 6 dias entre a diferenciação de uma folha e a próxima no meristema. A expansão foliar pode continuar mesmo durante o desenvolvimento da panícula, o que pode gerar nesse caso competição por fotoassimilados disponíveis. O embrião em um grão maduro já possui 6 a 7 primórdios foliares. Fato interessante é observado na epiderme superior da folha, onde se observa filas de células especializadas que permitem a folha enrolar em condições de estresse hídrico, se constituindo portanto numa defesa da planta.

Florescimento

O florescimento corresponde ao EC3 que engloba a polinização, fertilização, desenvolvimento e maturação do grão. A diferenciação floral do sorgo é afetada principalmente pelo fotoperíodo e pela temperatura do ar. O período mais crítico para a planta, onde ela não pode sofrer qualquer tipo de estresse biótico ou abiótico vai da diferenciação da panícula a diferenciação das espiguetas (2 a 3 semanas de duração). Em condições normais a diferenciação da gema floral inicia-se 30 a 40 dias após a germinação (pode variar de 19 a mais de 70 dias). Em climas quentes o florescimento em geral ocorre com 55 a 70 dias após a germinação (pode variar de 30 a mais de 100 dias). Normalmente a formação da gema floral ocorre 15 a 30 cm acima do nível do solo, fato esse ocorre quando as plantas têm cerca de 50 a 75 cm de altura.

A diferenciação da gema floral bloqueia a atividade meristemática (divisão celular). Dai para frente, todo crescimento é devido ao elongamento das células já existentes. Cerca de 6 a 10 dias antes do aparecimento da inflorescência ela pode ser vista como algo semelhante a um "torpedo" dentro da bainha da folha bandeira. As flores na panícula desenvolvem-se sucessivamente do topo para a base (demora de 4 a 5 dias). Como nem todas as plantas num campo de sorgo florescem ao mesmo tempo, a duração do florescimento no campo pode variar de 6 a 15 dias. O número de espiguetas por panícula varia de 1500 a 7000. Existem mais de 5000 grãos de pólen por antera na maioria dos híbridos e variedades, o que equivale dizer que há mais de 20 milhões de grãos de pólen por panícula.

Fertilização

A fertilização inicia-se no topo da panícula e procede para a base (duração de 4 a 5 dias). Predomina a autofecundação e a taxa de fecundação cruzada pode variar de 2% a 10%. Há casos em que a fecundação ocorre sem a abertura das espiguetas (cleistogamia). A panícula do sorgo varia muito quanto a forma e tamanho (compacta, aberta, grande, pequena). Seu comprimento vai de 4 a 25 cm e o diâmetro de 2 a 20 cm. O pólen germina imediatamente se caí num estígma receptivo e a fertilização tem lugar ao redor de 2 horas depois, no entanto a luz é necessário para a germinação e o pólen espalhado a noite não germina até o amanhecer.

O grão de sorgo igualmente varia muito quanto a cor, dureza, forma e tamanho. A massa de 100 sementes varia de menos de 1g a mais de 6 g.

Fotoperíodo

O sorgo é sensível ao fotoperiodismo, o qual pode ser definido como a resposta do crescimento a duração dos períodos, de luz e escuro. O comprimento do dia varia de acordo com a estação do ano e com a latitude. O sorgo é uma planta de dias curtos, ou seja floresce em noites longas.

Em cultivares sensíveis, a gema vegetativa (terminal) permanece vegetativa até que os dias encurtem o bastante para haver a sua diferenciação em gema floral, esse é portanto o que se clama fotoperíodo crítico. O fotoperíodo crítico do sorgo poderia então ser colocado da seguinte maneira: se o comprimento do dia aumenta, a planta não floresce, ao passo que se o comprimento do dia decresce a planta floresce.

Diferentes materiais genéticos variam quanto ao fotoperíodo crítico. Por exemplo: algumas variedades tropicais têm dificuldade de florescerem em regiões temperadas, onde os dias têm mais de 12 horas. Salienta-se que o fotoperíodo crítico para estas variedades tropicais é em torno de 12 horas. Por outro lado variedades temperadas sensíveis tem um fotoperíodo crítico maior, florescendo com facilidade nos trópicos.

O fotoperíodo crítico das variedades temperadas é em torno de 13,5 horas. Portanto é a duração do período sem luz que é importante para estimular o florescimento. Os dispositivos que as plantas possuem os quais são responsáveis pela captação e medição do comprimento dos dias são pigmentos chamados fitocromos. A grande maioria dos materiais comerciais de sorgo granífero foram melhorados geneticamente para insensibilidade ao fotoperíodo, somente os genótipos de sorgo forrageiro são sensíveis ao fotoperíodo.


Aspectos gerais dos efeitos ambientais sobre o crescimento do sorgo

Água

O sorgo requer menos água para desenvolver quando comparado com outros cereais, sendo que o período mais crítico a falta de água é o florescimento.

Ex: Sorgo - Necessita 330 kg de água para produzir 1 kg de matéria seca.
Milho - 370 kg de H 2 O/kg de matéria seca
Trigo - 500 kg H 2 O/kg de matéria seca

Quando comparado com o milho, o sorgo produz mais sobre estresse hídrico (raiz explora melhor o perfil do solo), murcha menos e é capaz de se recuperar de murchas prolongadas.

A resistência a seca é uma característica complexa pois envolve simultaneamente aspectos de morfologia, fisiologia e bioquímica. A literatura cita três mecanismos relacionados a seca: resistência, tolerância e escape. O sorgo parece apresentar duas características: escape e tolerância. O escape através de um sistema radicular profundo e ramificado o qual é eficiente na extração de água do solo. Já a tolerância está relacionada ao nível bioquímico. A planta diminui o metabolismo, murcha (hiberna) e tem um poder extraordinário de recuperação quando o estresse é interrompido. Um dos fatores que mais complica a seleção para tolerância a seca num programa de melhoramento de plantas é a falta de uma característica clara (marcador) para medir o grau no qual o genótipo é considerado tolerante ou susceptível ao estresse de seca. Medidas fisiológicas tais como: potencial de água na folha e ajustamento osmótico não correlacionam com diferenças em rendimento sob estresse. Este fato pode levar, freqüentemente, a uma situação no qual materiais mais susceptíveis, porém com potencial produtivo maior supere materiais genéticos considerados resistentes, mas com potencial produtivo mais baixo em condições de estresse hídrico. Para evitar situações semelhantes a esta, a pesquisa tem concentrado esforços em estudar estresse hídrico durante o enchimento de grãos, e tem sugerido utilizar a "porcentagem de trilhamento" como melhor característica a ser utilizada em programas de seleção de genótipos tolerantes a seca. Esta taxa é a relação entre a massa do grão/massa total da panícula.

Em geral parece haver no sorgo uma correlação grande entre resistência ao calor e a falta de água. Também parece haver correlação entre resistência a seca e a teores de alumínio no solo. O déficit hídrico quando acontece no estádio EC1, provoca menos danos a planta do que em EC2. No estádio EC2 a escassez de água vai resultar na redução das taxas de crescimento da panícula e das folhas e no número de sementes por panícula. Esses efeitos são devidos provavelmente a uma redução na área foliar, resistência estomatica aumentada, fotossíntese diminuída e a uma desorganização do estado hormonal da panícula em diferenciação. Quando a falta de água acontece no EC3, o resultado é a senescencia rápida das folhas inferiores, com consequente redução no rendimento de grãos.

O sorgo para produzir grãos requer cerca de 25 mm de água após o plantio, 250 mm durante o crescimento e 25 a 50 mm durante a maturidade.

Luz

Em condições não estressantes, fotossíntese é afetada pela quantidade de luz fotossinteticamente ativa, proporção desta luz interceptada pela estrutura do dossel e pela distribuição ao longo do dossel. O efeito do sombreamento no sorgo, com a consequente redução da fotossíntese, tem um efeito menor quando acontece em EC1 do que quando em EC2 e EC3. Isto pode ser explicado pela maior atividade metabólica da planta nesses dois estádios. Além da maior atividade, a demanda por fotoassimilados também é maior, portanto requer da planta uma taxa fotossintética alta para satisfazer os órgãos reprodutivos em crescimento.

Muito embora o sombreamento vai sempre resultar numa redução de crescimento da cultura, em proporção direta a redução da radiação, o efeito final no rendimento de grãos pode ser pequeno.

Temperatura do ar

Devido a sua origem tropical o sorgo é um dos cultivos agrícolas mais sensíveis a baixas temperaturas noturnas. A temperatura ótima para crescimento está por volta de 33 a 34 º C. Acima de 38 º C e abaixo de 16 º C a produtividade decresce. Baixas temperaturas durante o desenvolvimento vegetativo,(< 10 º C) causam redução na área foliar, perfilhamento, altura, acumulação de matéria seca e um atraso na data de floração. Isto é devido a uma redução da síntese de clorofila, especialmente nas folhas que se formam primeiro na planta jovem com conseqüente redução da fotossíntese.

Os efeitos da temperatura durante EC2 se manifesta no número de grãos por panícula afetando diretamente o rendimento final de grãos. Temperaturas mais altas geralmente tendem a antecipar a antese, assim como pode causar aborto floral. O desenvolvimento floral e a fertilização dos grãos pode ocorrer até com temperaturas de 40 a 43 º C, 15% a 30% de umidade relativa, desde que haja umidade disponível no solo. Altas e baixas temperaturas estimulam perfilhamento basal.

Quando comparado ao milho, o sorgo é mais tolerante a temperaturas altas e menos tolerante a temperaturas baixas. A temperatura baixa afeta, o desenvolvimento da panícula principalmente por seu efeito sobre a esterilidade das espiguetas. A sensibilidade a temperaturas baixas é maior durante a meiose.

Tanino no grão de sorgo

Devido ao fato do sorgo não apresentar uma proteção para as sementes, como por exemplo a palha no caso do milho, as glumas para o trigo e a cevada, a planta de sorgo produz vários compostos fenólicos os quais servem como uma defesa química contra pássaros, patógenos e outros competidores.

Toda planta de sorgo possui aproximadamente os mesmos níveis de proteína, amido, lipídios etc., porém vários compostos fenólicos pode ocorrer ou não, e entre esses compostos destaca-se o tanino condensado que tem ação antinutricional principalmente para os animais monogastricos. Como esses polifenóis são metabólitos secundários, ou seja não participam de vias metabólicas responsáveis por crescimento e reprodução, a presença e a natureza deles variam enormemente.

A presença do tanino no grão de sorgo depende da constituição genética do material. Caso os genótipos possuam os genes dominantes B 1 , e B 2 , este sorgo é considerado com presença de tanino. No passado, era comum encontrar classificação de sorgo, dos grupos I, II e III representando teores baixos, médios e altos de tanino. Hoje sabe-se que o tanino está presente ou ausente no grão. A pesquisa tem mostrado que percentuais abaixo de 0,70% no grão, verificado em algumas análises laboratoriais, são devidos a outros fenóis e não ao tanino condensado, e que portanto, não são prejudiciais a dieta alimentar dos animais. Assim, este sorgo é considerado com ausência de tanino, acima de 0,70% de fenois totais é considerado com presença de tanino.

O tanino no sorgo tem causado bastante controvérsia, uma vez que, apesar de algumas vantagens agronômicas, como a resistência a pássaros e doenças do grão, ele causa problemas na digestão dos animais pelo fato de formarem complexos com proteínas e assim diminuírem a sua palatabilidade e digestibilidade.

A determinação da presença dos taninos no grão de sorgo apresenta vários problemas, uma vez que os métodos colorimétricos geralmente não diferenciam taninos de outros compostos fenólicos. Outra dificuldade é a obtenção de substâncias adequadas para serem utilizadas como padrão para estes métodos.

Os vários compostos fenólicos presentes no grão de sorgo podem afetar a cor, a aparência e a qualidade nutricional . Esses compostos podem ser classificados em três grupos básicos: ácidos fenólicos, flavonóides e taninos. Os ácidos fenólicos são encontrados em todo tipo de sorgo, ao passo que flavonóides podem ser detectados em muitos porém não em todo sorgo. O fenol conhecido como tanino encontra-se concentrado na testa da semente. A testa é um tecido altamente pigmentado localizado logo abaixo do pericarpo. A presença da testa é fator determinante da presença de tanino em sorgo. Existem duas classes de taninos: hidrolizáveis e condensados. Não há evidências da presença de grandes quantidades de tanino hidrolizável no sorgo. Já o tanino condensado é aquele que é encontrado em materiais de sorgo resistentes a pássaros.

Os ácidos fenólicos não tem efeito adverso na qualidade nutricional, porém podem causar cor indesejável aos alimentos quando processados sob condições alcalinas. Os flavanóides, a exemplo dos ácidos fenólicos, também não causam problemas na digestibilidade e palatabilidade do sorgo. Constituem-se em um amplo grupo de compostos fenólicos encontrados nas plantas, sendo que alguns deles estão entre os principais pigmentos presentes em vegetais.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA

Sorgo - Plantio

Sorgo é uma espécie de origem tropical e se adapta, com relativa facilidade, a condições existentes entre 30º de latitude norte até 30º de latitude sul. Desta forma, cultivares desenvolvidos no Sul e Sudoeste dos Estados Unidos apresentaram boa adaptação no Brasil no período mais recente da reintrodução da cultura no país. No entanto, outras características agronômicas como resistência a doenças, insetos-pragas, resistência à seca, tolerância à acidez do solo, finalidade de uso, têm sido de grande importância para recomendação de cultivares destinadas aos diferentes sistemas de produção de sorgo no Brasil.

Sorgo adapta-se igualmente a uma gama de tipos de solo. No Brasil a cultura é plantada desde os solos heteromórficos das regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, passando pelos latossolos das regiões do Cerrado, até os solos aluviais dos vales das regiões semi-áridas do Nordeste.

O sorgo é uma cultura 100% mecanizável e em sua exploração podem ser utilizados os mesmos equipamentos de plantio, cultivo e colheita utilizados para outras culturas de grãos como a soja, o arroz e o trigo. Por outro lado, a cultura pode ser, também, conduzida manualmente com boa adaptação a sistemas utilizados por pequenos produtores.

Sorgo pode ser plantado por dois processos básicos: convencional e direto na palha (PD). No processo convencional o solo é arado, gradeado, desterroado e nivelado, enquanto que no processo de semeadura direta o revolvimento do solo é localizado apenas na região de deposição de fertilizante e da semente.

A implantação da cultura

Sorgo é uma espécie de origem tropical e, portanto exigente em clima quente para poder expressar seu potencial. A planta de sorgo não suporta baixas temperaturas e porisso, no Brasil, sorgo é cultivado em regiões e situações de temperaturas médias superiores a 20º C.

A adaptação de cultivares de sorgo é relativamente boa nos trópicos ou numa amplitude que vai de 30º de latitude norte até 30º de latitude sul. Por causa disso, cultivares desenvolvidos no Sul e Sudoeste dos Estados Unidos tiveram boa adaptação no Brasil no período mais recente da reintrodução da cultura no país. No entanto, outras características agronômicas como resistência a doenças e a patotipos locais, resistência a insetos-pragas, resistência à seca, tolerância à acidez do solo, finalidade de uso, é que verdadeiramente têm balizado a recomendação de cultivares para os diferentes sistemas de produção de sorgo no Brasil.

Sorgo adapta-se igualmente a uma gama de tipos de solo. No Brasil a cultura é plantada desde os solos heteromórficos das regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, passando pelos latossolos das regiões do Cerrado, até os solos aluviais dos vales das regiões semi-áridas do Nordeste. As cultivares comerciais originalmente importadas não tiveram boa adaptação a solos com acidez elevada e alumínio tóxico presente. Mas os programas de melhoramento nacionais, públicos e privados, já disponibilizaram cultivares comerciais com tolerância ao alumínio e a acidez do solo.

Por outro lado em todos os sistemas de produção de sorgo, a calagem tem sido uma prática rotineira para correção da acidez e do alumínio tóxico.

Sorgo é uma cultura 100% mecanizável e usa os mesmos equipamentos de plantio, cultivo e colheita utilizados para outras culturas de grãos como a soja, o arroz e o trigo. Mas a cultura pode ser conduzida manualmente também e sua adaptação a sistemas utilizados por pequenos produtores é muito boa.

A semeadura

Sorgo pode ser plantado por dois processos básicos: convencional e direto na palha (PD). No processo convencional o solo é arado, gradeado, desterroado e nivelado, enquanto que no processo de semeadura direta o revolvimento do solo é localizado apenas na região de deposição de fertilizante e semente.

Qualquer que seja o processo de semeadura, alguns cuidados devem ter sido tomados com relação à correção da acidez e do alumínio tóxico, bem como com o controle de plantas daninhas e insetos praga do solo.

A densidade de semeadura conforme o espaçamento

Uma boa semente fiscalizada de sorgo no Brasil deve ter, no mínimo, 75% de poder germinativo (padrão federal). No entanto, as mais conceituadas marcas já distribuem sementes de sorgo com padrão mínimo de 80%. Portanto, para uma boa regulagem do equipamento de plantio, o produtor deve procurar saber qual o padrão de qualidade da semente que está adquirindo e exigir o boletim de análise do fabricante ou distribuidor. Para iniciar o procedimento de regulagem da plantadeira, além dessa informação, o produtor deve procurar saber se o fabricante da semente indica um disco pré perfurado que se adapte à sua semente e ao equipamento de que o produtor dispõe. Caso contrário, o produtor deve seguir as instruções do fabricante da máquina, que normalmente indica o número de furos e seu diâmetro para semear sorgo. O produtor deve se basear também nas indicações de densidade e população de plantas recomendadas para a cultivar que vai ser plantada e que devem ser fornecidas pelo produtor de semente. A tabela abaixo ajuda o produtor na regulagem, levando em conta o tipo de sorgo, o espaçamento escolhido e a população de plantas final desejada:

O desenvolvimento da cultura

O ciclo de uma planta de sorgo pode ser dividido em três partes: da emergência aos 30 dias; dos 30 dias até inicio do florescimento; e do florescimento até maturação fisiológica. A seguir uma sucinta descrição dos fatos mais importantes do ciclo de vida da planta e as recomendações básicas de manejo da lavoura.

Da emergência até os 30 dias

A planta de sorgo é muito frágil do estádio de emergência até os 20 dias de idade. A semente de sorgo tem poucas reservas de alimentos para promover o arranque inicial da plântula, que é lento até que o sistema radicular esteja bem desenvolvido e a jovem planta passe a se alimentar dos nutrientes do solo. Para se obter pronta e uniforme emergência, é importante que a semente seja depositada também em uma profundidade adequada e uniforme. De um modo geral, recomenda-se semear sorgo entre 3 a 5 cm de profundidade, e o fertilizante depositado a mais ou menos 8 a 10 cm de profundidade. O produtor de sorgo deve ficar atento às mudanças do tempo durante o decorrer da semeadura, especialmente quando se planta sorgo em extensas áreas, como ocorre no Brasil Central. Com bom nível de umidade no solo, a semeadura poderá ser mais rasa. Se a umidade decresce ao longo dos dias, a profundidade de semeadura deverá aumentar.

Nesse primeiro terço da vida da planta o produtor deve cuidar do campo com esmero e observar atentamente o ataque de insetos-praga subterrâneos e de superfície, que atacam na região do coleto da planta. Esses insetos, incluindo as formigas cortadeiras, podem danificar seriamente os stands e mesmo destruir toda a lavoura. O produtor deverá ficar atento ao ataque precoce de lagartas das folhas (Spodoptera) e do pulgão verde (Schizaphis), que em certas circunstâncias poderão reduzir drasticamente os stands. O controle inicial de plantas daninhas deve estar entre as preocupações do produtor neste estádio do desenvolvimento do sorgo. O produtor que se decidiu por um herbicida de pós-emergência, deverá fazer a aplicação quando as plantinhas atingirem o estádio de três folhas. Finalmente, esse é o estádio em que o produtor deve tomar a decisão de replantar a lavoura se os stands não estiverem satisfatórios. Como regra prática e geral, toda vez que o stand inicial for reduzido em mais de 20% em relação à recomendação para determinada cultivar, o produtor deve fazer o replantio. Se a redução do stand for igual ou inferior a 20% do ideal, não há necessidade de replantio. As plantas remanescentes compensarão a redução.

Dos 20 aos 30 dias de vida as plantas iniciam o período de rápido crescimento e a taxa de absorção dos nutrientes do solo é acelerada. Em torno dos 30 dias após emergência, para a maioria das cultivares comerciais, é o tempo de se fazer a adubação nitrogenada e potássica em cobertura. É o tempo, também, para completar o serviço de controle das plantas daninhas, ou com o uso de herbicidas ou por meio de cultivo mecânico. O cultivo mecânico não deve ser feito após os 30 dias, ou após o início da diferenciação floral. É nesse estádio também que se completa o controle dos insetos-pragas, principalmente da lagarta Spodoptera ou lagarta do cartucho.

Dos 30 aos 70 dias

Este é o estádio de rápido desenvolvimento da planta de sorgo e acúmulo de matéria seca e nutrientes. É também o estádio em que se dá a diferenciação floral: entre 30 e 40 dias, para a maioria das cultivares comerciais, a planta deixa de produzir partes vegetativas, colmo e folhas, e inicia a formação da parte reprodutiva, a panícula. À partir desse ponto, o rápido alongamento do colmo e da panícula leva a planta ao estádio que chamamos de emborrachamento e que se completa aos 50-55 dias aproximadamente. A panícula emerge ao final desse período e o florescimento se dá entre 60 a 70 dias após a emergência da planta para a maioria das cultivares comerciais. Toda e qualquer agressão às plantas nesse estádio, como a aplicação indevida de agroquimicos, ou um evento climático desfavorável, como a falta de umidade no solo, afetarão a emergência da panícula e comprometerão a produtividade final da lavoura.

Do florescimento à maturação fisiológica

Neste estádio inicia-se uma rápida transferência de nutrientes acumulados nas folhas e nos colmos para as panículas. Portanto os cuidados para que a planta esteja bem nutrida e preparada para essa fase devem ser tomadas nos estádios anteriores. Durante o florescimento o produtor deverá estar atento à ocorrência da mosca do sorgo e fazer o controle químico se necessário, assim como monitorar o aparecimento de colônias de pulgão verde e a presença de seus inimigos naturais, que poderá evitar o uso de inseticidas. Nesse estádio a planta continua dependendo de um bom nível de água no solo para um bom enchimento dos grãos. Deficiência hídrica nesse período geralmente ocasiona chochamento de grãos e queda da produtividade. Nesse período os grãos passam do estádio de grão leitoso para o estádio de massa dura ou pastoso. É o período ideal para a ensilagem da planta inteira.

A maturação fisiológica

Próximo da idade de 90 dias após emergência a planta está fisiologicamente madura, mas não está pronta para colher sem secagem artificial.

No período que antecede o ponto de maturação fisiológica ocorre uma rápida translocação de nutrientes acumulados no colmo e folhas para os grãos. Quando a planta está mal nutrida e/ou é submetida a um estresse de umidade, pode ocorrer um acamamento severo e a produtividade ficar comprometida. No caso de estabelecimento da cultura em épocas ou situações que sejam de alto risco para deficiência hídrica no ponto de maturação fisiológica, a recomendação é trabalhar com uma população de plantas final que seja de 15 a 20 % inferior à recomendada para situações normais. É a situação comumente encontrada no sistema de produção de sucessão de culturas do Brasil Central. O ponto de maturação fisiológica pode ser facilmente visualizado pelo produtor: é só observar a formação de uma camada preta no ponto de inserção do grão na gluma ou palha que o envolve. O aparecimento da camada preta nos grãos de sorgo se dá da ponta para a base da panícula, acompanhando a marcha da maturação que é no mesmo sentido. Na maturação fisiológica o grão de sorgo estará com 25 até 40% de umidade, mas se o produtor dispuser de condições para a secagem artificial, a colheita poderá ser feita. Após atingir a maturação fisiológica não há mais acumulação de matéria seca no grão; como conseqüência disso, a irrigação suplementar pode ser suprimida, em caso de lavoura irrigada.

A colheita

O ponto ideal para colheita depende do tipo e da finalidade de uso da cultivar de sorgo.

Para a colheita de grãos o ponto ideal está entre 17 e 14 % de umidade com secagem artificial. Sem recursos para secagem artificial, a colheita só poderá ser feita quando a umidade cair para 12 a 13 %. O produtor de sorgo granífero deve se lembrar que após a colheita a umidade dos grãos sobe sempre 1 a 1,5 pontos percentuais em relação à umidade da amostra sem detritos verdes.Para ensilagem o ponto ideal é quando a planta inteira atinge pelo menos 30% de matéria seca. Na prática o produtor poderá se basear no ponto de formação da camada preta ou ponto de maturação fisiológica.Para corte verde o ponto ideal é quando a planta atinge o estádio de emborrachamento ou a idade de 50 a 55 dias pós-semeadura.Para pastejo e fenação o ponto ideal está entre 0,80 a 1,00 de altura, ou a idade de 30 a 40 dias pós-semeadura ou inicio da rebrota.Para cobertura morta a planta deverá ter mais ou menos 1,5m de altura.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA

Sorgo - Colheita e pós-colheita

O agricultor deve integrar a colheita ao sistema de produção e planejar todas as fases, para que o grão colhido apresente bom padrão de qualidade. Nesse sentido, várias etapas, como a implantação da cultura até o transporte, secagem e armazenamento dos grãos, têm de estar diretamente relacionadas.

A qualidade do grão de sorgo é função dos fatores pré-colheita, da colheita propriamente dita e da pós-colheita. No grão, após colhido, somente é possível manter sua qualidade, obtida no campo e remanescente da etapa de colheita. Com isso, para que se obtenha grãos de sorgo com boa qualidade final, é preciso que se planeje toda a cadeia produtiva.

Uma característica positiva dos grãos de sorgo é a possibilidade de serem armazenados por longo período de tempo, sem perdas significativas da qualidade. Sobre o ambiente dos grãos de sorgo armazenados exercem grande influência fatores como características da cultivar temperatura, umidade, arejamento, microorganismos, insetos e pássaros.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA

Sorgo

Apresentação
Clima
Ecofisiologia
Solos
Plantio
Colheita e pós-colheita

15 outubro, 2012

Estabilidade de preços e das vendas de fertilizantes no RS

No ano passado, as vendas de fertilizantes, também recordes, somaram 28,32 milhões de toneladas de fertilizantes no mercado brasileiro. Apesar dos índices nacionais de venda de fertilizantes registrarem alta, o Rio Grande do Sul apresenta atualmente um período de estagnação de preços e das vendas.

Segundo o Engenheiro Agrônomo, e vice-presidente da Cotrijal, Jairo Marcos Kohlrausch o mercado passa por um momento lento. “Ainda existe uma procura por parte dos produtores que não compraram no cedo, e resolveram esperar este momento. Têm acontecido alguns poucos negócios, mas até pela dificuldade de liquidez e pela frustração de certa forma da safra de milho e soja, só quem está comprando agora é aquele que não comprou pra plantar soja, e alguns poucos negócios de pessoas que estão investindo nas safras do ano que vem”, explica Kohlrausch.

O preço, no mercado internacional e nacional se mantém estável, segundo o vice-presidente. “Há praticamente 60 dias, o preço está estável. A maioria das notícias é de estabilidade e até de redução. Chegaram a cogitar que os fosfatados até subiriam, mas agora vai depender muito de algum movimento dos EUA, que por enquanto está devagar. Está uma quebra de braço, entre fornecedor e produtor rural, pois com esta quebra no Brasil e no exterior, o produtor está adiando suas compras”, afirma ele.

No último ano o Brasil registrou recordes de comercialização de fertilizantes, atingindo com mais de 28 milhões de toneladas entregues aos produtores rurais. Atingindo um índice de 8,5% de aumento nas vendas, como média nacional. O número significa aumento de 15,5% em relação a 2010.

As vendas internas de fertilizantes no Brasil cresceram 4,8% entre janeiro e agosto deste ano, para 17,79 milhões de toneladas, na comparação com igual período de 2011, informou a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda).

Segundo números da Associação, o Estado tem aumentado os níveis do elemento Fósforo (P) nos últimos anos, bem como os níveis de Nitrogênio (N) utilizados como fórmula média. Em 2004, eram utilizados os níveis correspondentes a N – P – K (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), 11 – 15 – 17, e em 2010, são registradas as médias de 12 – 17 – 13 correspondem respectivamente à fórmula, caracterizando a mobilidade dos nutrientes no solo.

“O produtor está fazendo seus cálculos de investimentos dos últimos anos e está percebendo que possui uma relação boa no que diz respeito a custo e benefício. E cada vez mais não existe um momento especial para a compra, existem sim as oportunidades que o mercado oferece, e o produtor que está capitalizado está de olho nestes bons momentos e tirando proveito disso”, completa um dos responsáveis pelo departamento técnico da Cotrijal. Os investimentos têm apresentado retorno nos números de produção, e por isso é crescente as parcerias de produtos entre melhores genéticas de sementes aliadas à uma otimização de fertilizantes aplicados.

“Há anos atrás plantávamos através do plantio convencional e quando iniciamos a utilizar as técnicas do plantio direto todos duvidavam. Hoje estamos iniciando a aplicação de precisão através de análises de solo, quando economizamos na aplicação onde realmente é necessário” comenta o agricultor carazinhense, Lotar Kienast.

As safras matem-se seguras através da utilização de variedades genéticas com potenciais cada vez mais tecnológicos, ofertando aos produtores alcançar patamares cada vez maiores e sucessivos de produtividade. Para isso, uma adubação equilibrada e otimizada, garantindo a expressão total deste cultivar. O restante desta garantia se reflete nos fatores climáticos, e com isso ainda o produtor não pode se precaver.

“O produtor tem investido cada ano mais em fertilizantes, até porque ele está tendo resultados. Quem vinha adubando bem vem colhendo bem, então quem colheu bem, irá cada vez mais investir em fertilizantes. E os bons preços chamam investimentos em fertilizantes e tecnologias, e com isso cresce o consumo por parte dos produtores. A nossa região é uma região que usa alta tecnologia, e ela tem diversas alternavas de cevada e trigo no inverno, e o trabalho todo que se faz para o produtor se faze para o produtor explorar ao máximo estas áreas no inverno”, conclui Jairo Marcos.

Fonte: Diário da Manhã - Passo Fundo

Mendes Ribeiro empossa novo presidente da Embrapa

Durante a posse do novo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, nesta segunda-feira, 15 de outubro, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Mendes Ribeiro Filho, reiterou a importância em dar continuidade e expansão às pesquisas da Embrapa em nível internacional. “A futura Embrapa Internacional primeiro seguirá todos os trâmites necessários para a sua criação. Em seguida, a empresa auxiliará no desenvolvimento de projetos de cooperação internacional, com o devido reconhecimento”, destacou o ministro.

Em seu discurso durante a posse, Mendes Ribeiro, comentou a escolha do nome para a presidência da Embrapa. “O Maurício tem 30 anos de empresa, é extremamente conceituado. Precisamos de alguém desse porte no cargo. A Embrapa tem quase 40 anos e precisa continuar trabalhando para o futuro do agronegócio brasileiro, para a capacidade da nossa produção”, frisou.

Na ocasião, Maurício mencionou que a Embrapa tem papel importante, o de dar suporte e conhecimento para a construção de políticas públicas para o fortalecimento do ministério, bem como produzir informação e conhecimento para a nossa agricultura. “Pretendemos buscar uma aproximação muito forte com o Mapa para reforçar as nossas estratégias. A Empresa esta desenvolvimento e apresentando soluções para a agricultura o tempo todo”, destacou.

O novo presidente também comentou sobre a atuação internacional da empresa que deverá ser intensificada. “A cooperação técnica internacional é importante para desenvolver pesquisas voltadas ao aumento da produtividade no campo. O treinamento dos nossos profissionais em outros países permitiu que o Brasil mantivesse estreitas relações com pesquisadores no exterior”, lembrou.

A nomeação de Lopes foi publicada na última quarta-feira, 10 de outubro, no Diário Oficial da União (DOU). O técnico é mineiro de Bom Despacho, engenheiro Agrônomo e pesquisador da Embrapa desde 1989. Entre suas principais funções estão a atuação como pesquisador em genética e melhoramentos de plantas. Maurício também já foi diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, cargo que ocupou antes da nomeação.

Fonte: AGROLINK (http://www.agrolink.com.br)

Sorgo - Solos

O cultivo do sorgo, assim como qualquer outra cultura inserida num sistema de rotação e/ou sucessão, necessita de condições mínimas de solo para que a cultura se estabeleça e se desenvolva normalmente. Especialmente no caso da safrinha é importante manejar adequadamente o solo para proporcionar o rápido estabelecimento da segunda safra, uma vez que essa se desenvolverá em condições menos favoráveis especialmente quanto à umidade disponível no solo. Com este enfoque, o sistema de plantio direto (SPD) apresenta vantagens comparativas aos métodos tradicionais de preparo do solo, que envolvem aração e gradagens, devido ao ganho de tempo que se consegue na implantação da cultura em sucessão, com menor consumo de energia e, a maior infiltração da água associado a menor perda por evaporação que resulta em maior conservação de umidade.

Manejo do solo para o cultivo do sorgo

A área cultivada com sorgo deu um salto extraordinário à partir do inicio dos anos 90. O Centro Oeste é a principal região de cultivo de sorgo granífero, enquanto o Rio Grande do Sul e Minas Gerais lideram a área de sorgos forrageiros. O sorgo granífero é cultivado basicamente sob 3 sistemas de produção no Brasil: no Rio Grande do Sul planta-se sorgo na primavera e colhe-se no outono. No Brasil Central a semeadura é feita em sucessão às culturas de verão, principalmente a soja. E no Nordeste a cultura é plantado na estação das chuvas ou de "inverno".

Esse tópico trata basicamente do sorgo plantado após a soja precoce, (ou sorgo safrinha) portanto o manejo do solo deve ser considerado levando em consideração essa sucessão de culturas e não somente o sorgo. O sorgo “safrinha” é definido como sorgo de sequeiro cultivado extemporaneamente, de fevereiro a abril, quase sempre depois da soja precoce, na região Centro-Sul brasileira, envolvendo basicamente os estados de SP, GO, MT, MS, DF, MG e BA A implantação do sorgo safrinha no final do período chuvoso deixa o agricultor na expectativa de ocorrência de déficit hídrico a partir desse período.

Assim, toda estratégia de manejo do solo deve levar em consideração propiciar maior quantidade de água disponível para as plantas. Nesse caso, sempre que possível deve-se optar pelo sistema de plantio direto, pois oferece maior rapidez nas operações, principalmente no plantio realizado simultaneamente à colheita, permitindo o plantio o mais cedo possível. Além disso, um sistema de plantio direto, com adequada cobertura da superfície do solo, permitirá o aumento da infiltração da água no solo e a redução da evaporação. Em algumas áreas de plantio direto, já se constatou aumento do teor de matéria orgânica do solo, afetando a curva de retenção de umidade e aumentando ainda mais o teor de umidade para as plantas.

Embora exista uma grande diversidade de preparo de áreas para o cultivo do sorgo na segunda safra, predomina o emprego do plantio direto permanente (PDP) ou temporário (PDT), visando antecipar a implantação do sorgo “safrinha”. No preparo direto temporário realiza-se a semeadura direta do sorgo “safrinha” e o preparo convencional para a soja. Nesse caso, no verão, tem sido freqüente o preparo com grades. Em áreas com grande infestação de plantas daninhas, no momento da colheita da soja, e quando o agricultor não dispõe de máquina para semeadura direta, utiliza-se o preparo com grades no outono-inverno. Uma desvantagem da grade aradora é que provoca grande pulverização do solo. Alem disso, o uso da grade continuamente no verão e na safrinha por anos sucessivos pode provocar a formação do "pé-de-grade", uma camada compactada logo abaixo da profundidade de corte da grade, a 10-15 cm. Essa camada reduz a infiltração de água no solo, o que, por sua vez, irá favorecer maior escorrimento superficial e, consequentemente a erosão do solo e a redução da produtividade do sorgo safrinha.

Em preparo convencional, o revolvimento da camada superficial do solo tem por objetivo básico otimizar as condições de germinação, emergência e o estabelecimento das plântulas, entretanto também deve ser visto como um sistema que deverá aumentar a infiltração de água, de modo a reduzir a enxurrada e a erosão a um mínimo tolerável. Deve ser levado em consideração que em áreas onde as explorações agrícolas são mais intensivas, a exemplo do plantio da safrinha de sorgo após a colheita da soja, em que o solo é mais intensamente trabalhado, a probabilidade de acelerar sua degradação devido à aração e gradagem, aumentando os problemas de compactação, erosão e redução de sua produtividade, é bem maior. Além disto, é muito importante a redução do tempo entre a colheita da cultura de verão e o plantio do sorgo na sucessão, o que poderá afetar a decisão sobre qual sistema de preparo do solo deverá ser empregado. Não é demais lembrar que as gradagens destorroadoras e de nivelamento diminuem a rugosidade e pulverizam o solo, favorecendo a erosão, portanto, deve haver critérios na sua utilização evitando excessos. O caso do sorgo é típico em que, com freqüência, a recomendação técnica explicita a necessidade de destorroar bem o solo para o plantio, devido ao menor tamanho da semente. Nestes casos, de utilização excessiva de gradagens, provoca uma pulverização do solo na camada superficial, aumentando os riscos de ocorrencai de compactação (pé-de arado ou pé-de-grade) e de erosão.

Com o propósito de minimizar o impacto negativo do preparo do solo deve-se sempre ter em mente que as operações devem contemplar, de uma maneira harmoniosa, não somente o solo mas, também, as suas interações com a água, com vistas ao planejamento integrado visando a sustentabilidade da atividade. Neste sentido a área agrícola deve ser cuidadosamente planejada.

Em função das condições locais de clima e solo elabora-se o planejamento conservacionista da glebas que deverá ser dotado de sistema de terraceamento, em nível ou com gradiente e canais escoadouros. Conforme o tipo de solo e a declividade os terraços poderão ser de base larga (declividade menor que 12%) ou base estreita (declividade até 18%). Acima desta declividade os riscos de degradação do solo aumentam, não sendo recomendado o seu uso com culturas anuais.Uma das maneiras de reduzir a compactação é alternar a profundidade de preparo do solo.

É importante também atentar para as condições de umidade do terreno por ocasião de seu preparo. O ponto de umidade ideal é aquele em que o trator opera com o mínimo esforço, produzindo os melhores resultados na execução do serviço. Com o solo muito úmido aumentam os problemas de compactação. Há maior adesão da terra nos implementos, chegando a impedir a operação. Em solo muito seco é preciso um número maior de passadas de grade para quebrar os torrões exigindo maior consumo de combustível. Com isso, o custo de produção fica maior e o solo pulverizado.

A eficiência do SPD tem sido atribuída ao estabelecimento de uma camada de cobertura do solo com resíduos vegetais, que seja persistente ao longo do tempo e que cubra a maior parte da superfície do solo. A cobertura morta atua na proteção contra o impacto das gotas de chuva e da ação de ventos, reduzindo a erosão, protegendo o solo contra o efeito de raios solares, reduzindo a evaporação, a temperatura do solo e a amplitude térmica e hídrica, incorporando matéria orgânica ao solo, necessária a uma atividade microbiana intensa e permitindo maior reciclagem de nutrientes. Neste aspecto a relação C:N da espécie utilizada para cobertura do solo é de grande importância, pois reflete a velocidade com que a decomposição do material pode se processar. Neste particular a cultura do sorgo ocupa posição de destaque pois a sua palhada possui uma relação C:N elevada o que concorre para a sua persistência na superfície do solo. Soma-se a isto, ainda, a possibilidade de adoção de menores espaçamentos para o sorgo o que é decisivo na taxa de cobertura do solo com plantas em crescimento conferindo-lhe maior proteção contra a erosão e, também, com um sistema radicular mais bem distribuído possibilitando explorar intensamente maior volume de solo, reciclando mais nutrientes e, depois, formando uma rede de canalículos por toda a extensão da camada superficial do solo.

São reconhecidas duas fases distintas no processo de adoção do SPD com relação a formação de palhada sobre o solo. A primeira delas, de estabelecimento, que dura até que se consiga uma quantidade adequada de palha sobre a superfície do solo. A duração desta fase é variável conforme a região e normalmente é conseguida depois de alguns anos de adoção do sistema. Espécies como o sorgo devem ser incluídas nesta fase devido à palhada mais persistente. A outra fase é a de manutenção do sistema após ter-se estabelecido a cobertura do solo com palha.

O sistema somente se estabilizará quando estiver instalado um esquema de rotação de culturas. A combinação de espécies com diferentes exigências nutricionais, produção de fitomassa e sistema radicular torna o sistema mais eficiente, além de facilitar o controle integrado de pragas, doenças e plantas daninhas. O sorgo é uma cultura que apresenta algumas vantagens comparativas especialmente em regiões onde a distribuição das chuvas é errática. Ele apresenta um sistema radicular profundo que além da reciclagem de nutrientes confere maior tolerância ao déficit hídrico possibilitando ainda, quando da sua ocorrência, uma rápida recuperação do crescimento. Adicionalmente ele apresenta rebrota que, dentre outros usos, poderá contribuir no aporte de material vegetal para a formação de palhada.

Por se tratar de um sistema complexo, o plantio direto exige o envolvimento de várias culturas e, muitas vezes, uma associação de agricultura e pecuária onde, mais uma vez, o sorgo aparece como ótima opção devido aos seus usos múltiplos na pecuária. Recentemente a Embrapa lançou uma tecnologia, o Sistema Santa Fé, onde o sorgo, juntamente com o milho, são as melhores opções para cultivo associado às braquiárias em plantio direto com vistas à produção de grãos, forragem conservada (silagem ou feno), pasto para a entressafra e palhada para o plantio direto.

A habilidade das plantas em explorar o solo, em busca de fatores de crescimento, depende grandemente da distribuição de raízes no perfil do solo, que por sua vez, são dependentes das condições físicas e químicas, as quais, são passíveis de alterações em função do manejo aplicado. Uma destas alterações de maior impacto é a compactação. Ela aparece geralmente abaixo da camada revolvida pela ação dos implementos de preparo do solo, especialmente arado de discos e grades, ou na superfície devido ao tráfego.

Em situações onde a compactação ainda não é muito intensa é possível contornar o problema modificando o sistema de manejo de solo e de rotação de culturas incluindo plantas de sistema radicular mais vigoroso, capaz de penetrar em solos que ofereçam maior resistência à penetração. Neste aspecto o sorgo apresenta grande potencial como cultura recuperadora de solo pois possui um sistema radicular abundante com capacidade de crescer em profundidade, especialmente devido às raízes de menor diâmetro. Como a taxa de crescimento de raízes se dá primeiramente devido à resistência oferecida pelo solo à penetração do que pela pressão que elas possam exercer, as raízes de menor calibre como as do sorgo certamente encontram menor resistência ao aprofundamento no solo em relação àquelas de maior diâmetro, por exemplo, as da soja. Isto é de importância fundamental pois os canalículos deixados após a sua decomposição passam a funcionar como verdadeiras galerias para a penetração de raízes mais grossas, o que de certa forma facilita a diversificação de espécies, aumentando as possibilidades para a rotação de culturas.

Caso a compactação seja mais intensa o rompimento da camada deve ser feito com implemento que alcance a profundidade imediatamente abaixo da zona compactada. É importante salientar que os equipamentos de discos são ineficientes nessa operação.

Entretanto, para que os maiores benefícios advindos do manejo do solo sejam alcançados é necessário que haja um planejamento prévio. Os equipamentos e as máquinas disponíveis também tem de ser levados em consideração para a tomada de decisão de como fazer o preparo do solo, os tratos culturais, a colheita e de como manejar os resíduos da cultura visando a próxima safra. A recomendação é a de que aração e gradagens sejam eliminadas como métodos de manejo do solo devido ao impacto negativo sobre o solo e ao meio ambiente. É extremamente desejável planejar as atividades com vistas à introdução de sistema SPD e de integração lavoura-pecuária que possibilitam o uso intensivo e sustentável do recurso solo. Somente com a tomada de consciência de que todas estas etapas são igualmente importantes e que o produto final, a produtividade, vai refletir aquela etapa que for executada com pior qualidade é que se conseguirá eficiência no manejo do solo.

Em outras palavras, em nada adiantará alta eficiência nas atividades se, em apenas uma delas, houver descuido. Esta falha vai nivelar por baixo a produtividade, com graves prejuízos ao produtor. Disto se conclui que o manejo do solo deve contemplar, de maneira harmoniosa, atividades relacionadas ao solo, às plantas e aos seus resíduos visando maximização da produtividade sem perder de vista os seus efeitos no manejo e na conservação do solo e da água.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA

Sorgo - Clima

O sorgo é uma planta de clima quente, apresentando características xerófilas e mecanismos eficientes de tolerância à seca. Possui variedades adaptadas a diferentes zonas climáticas, inclusive às temperadas (frias), desde que nesses locais ocorra estação estival quente com condições capazes de permitir o desenvolvimento da cultura. A produtividade do sorgo está relacionada com diversos fatores integrados (interceptação de radiação pelo dossel, eficiência metabólica, eficiência de translocação de produtos da fotossíntese para os grãos, capacidade de dreno). As relações de fonte e dreno dependem de condições ambientais e características genéticas, e as plantas procuram se adaptar a tais condições apresentando respostas diferenciadas.

Embora o sorgo responda à interação dos diversos fatores edafoclimáticos, os de maior influência sobre a cultura são a temperatura do ar, a radiação solar, a precipitação e a disponibilidade de água no solo. As variedades de sorgo revelam consideráveis diferenças, no que tange às características da planta e do grão (ver Cultivares), bem como às respostas fisiológicas aos fatores ambientais (ver Ecofisiologia).

Em relação às principais variáveis de clima, a temperatura ótima para o desenvolvimento de cada plantio varia conforme a cultivar considerada. De uma forma geral, a literatura internacional tem mostrado que temperaturas superiores a 38 oC ou inferiores a 16 oC limitam o desenvolvimento da maioria das cultivares. Um aumento 5 oC em relação à temperatura ótima noturna pode implicar numa redução de até 33% da produtividade, uma vez que ocorre um aumento da taxa de respiração noturna. A cada 1 grau centígrados de aumento da temperatura noturna, a respiração aumenta em torno de 14%.

Por pertencer ao grupo de plantas C4, o sorgo suporta elevados níveis de radiação solar, respondendo com altas taxas fotossintéticas, minimizando a abertura dos estômatos e conseqüente perda d'água. Assim, o aumento da intensidade luminosa implica em maior produtividade, sempre que as demais condições sejam favoráveis.

O uso consuntivo (consumo) de água pelo sorgo varia entre 380 e 600 mm durante o ciclo da cultura, dependendo principalmente das condições climáticas dominantes (Sans et al., 2003). A quantidade de água absorvida pelas plantas varia de acordo com o estádio de crescimento e desenvolvimento da cultura (ver mais detalhes em Ecofisiologia). A pesar disso, o sorgo possui resistência relativamente boa à dessecação, tendo mostrado capacidade de se recuperar após um período de seca. Mesmo após um período prolongado de murchamento, em apenas 5 dias com condições ambientais propícias o sorgo pode recuperar a abertura dos estômatos, retornando às atividades fisiológicas normais (Sans et al., 2003). Embora seja uma cultura resistente a estresse hídrico, o sorgo também sofre efeito do déficit hídrico, chegando a reduzir consideravelmente a produtividade quando submetido a estresse. O déficit hídrico tem influência direta na taxa fotossintética, a qual está associada diretamente com a produção de grãos. A perda de produtividade em função da exposição da cultura a déficit hídrico varia principalmente em função do estádio fenológico das plantas, do tempo de duração do estresse e do genótipo das plantas.

Quanto ao solo, o sorgo é uma cultura tolerante a diversas condições de solo, podendo ser cultivado satisfatoriamente em solos que variam de argilosos a ligeiramente arenosos. Embora sobreviva melhor que outros cereais em solos arenosos e de baixa fertilidade, tem preferência por solos bem preparados, com acidez corrigida, ricos em matéria orgânica, pH entre 5,5 e 6,5, topografia plana e sem excesso de umidade. Assim, apresenta maior produtividade nos solos ricos em matéria orgânica, profundos, de boa drenagem e com topografia plana e/ou declividade inferior a 5%. Os solos aluviais prestam-se muito bem ao cultivo do sorgo, desde que adequadamente preparados. Os solos mal drenados são os únicos que não se recomendam para esta cultura.

Considerando as características da cultura, a época de semeadura em cada local deve ser determinada em função das condições ambientais (temperatura, fotoperíodo, distribuição das chuvas e disponibilidade de água do solo) e da cultivar (ciclo, fases da cultura e necessidade térmicas das cultivares), estimando o(s) período(s) em que a cultura tem maior probabilidade de se desenvolver em condições edafoclimáticas favoráveis (ver Zoneamento).

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA

Tomate

Importância Econômica
Composição Nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências Nutricionais*
Plantio
Irrigação*
Plantas Daninhas*
Pragas*
Doenças*
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de Mudas

10 outubro, 2012

Tomate - Processamento

O sistema agroindustrial de tomate no País é caracterizado por uma cadeia agroalimentar. A industrialização propriamente dita compreende a indústria de transformação primária e a indústria de transformação secundária, as quais se integram e se complementam (Figura 1).

Transformação primária, estrutura e organização

O segmento de transformação primária, que consiste na obtenção de produtos intermediários destinados ao posterior processamento e/ou à fabricação de produtos formulados, não é padronizado, e o modelo adotado encontra-se em fase de evolução. Como parte dessas transformações, observa-se a relocação das indústrias processadoras tradicionais e a implementação de novas companhias junto às atuais fronteiras agrícolas que estão sendo abertas na Região do Cerrado, englobando Minas Gerais e Goiás.

A presença de pequenas empresas independentes ainda não é dominante no setor, mas as atualmente existentes têm se equipado com tecnologia moderna, visando otimizar o processo industrial, com o propósito de atender às demandas do mercado nacional e internacional.

A pouca qualidade da matéria-prima, a baixa produtividade agrícola e a má localização de algumas plantas industriais são os principais entraves para a melhoria do nível de desempenho do setor.

O Brasil apresenta algumas vantagens em relação à maioria dos países do Mercosul em termos de fatores edafoclimáticos e de estrutura de produção. Nos últimos dez anos, tem ocorrido grande evolução do segmento produtivo brasileiro – o qual vem abandonando um modelo com forte verticalização da produção em detrimento de modelos em que ocorre a formação de complexos agroindustriais fornecedores de produtos semi-industrializados para as indústrias de alimentos formulados. Entretanto, o País apresenta ainda algumas desvantagens quando comparado com países como o Chile, principalmente com relação ao custo da produção.

Em termos de Mercosul, as atenções voltam-se para a possibilidade de parcerias com o Chile, pois o Uruguai e o Paraguai não têm condições de operar, no presente momento, no segmento da cadeia produtiva do tomate. Na Argentina, o cultivo do tomate industrial não conseguiu, até hoje, atingir níveis de competitividade.

No segmento de transformação secundária (produtos acabados), vem ocorrendo grande diversificação de derivados do tomate, procurando-se adequar as linhas de produtos às reais necessidades do público consumidor. Desse modo, a fabricação de produtos mais concentrados vem sendo gradativamente substituída pela de produtos menos concentrados e mais sofisticados em termos de ingredientes e de sabor, tais como sucos temperados e molhos condimentados, contendo tomate cubeteado ou triturado. Esses tipos de produtos visam atender a mercados com público mais exigente e com gosto mais diversificado.

O segmento de produtos acabados é complexo, pois além de atuar em área de grande competitividade em qualidade e preço, depende diretamente do desempenho do setor agrícola. E o setor agrícola, por sua vez, não tem condições de atender, em curto prazo, a grandes demandas em termos de qualidade e de produtividade.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA

Tomate - Colheita e pós-colheita

O período necessário para a maturação dos frutos depende da cultivar, do clima da região, do estado nutricional e da quantidade de água disponível para as plantas. Quando submetidas a estresse, as plantas tendem a reduzir o ciclo. A maioria das cultivares plantadas no Brasil é colhida com aproximadamente 110 a 120 dias após a germinação ou 90 a 100 dias do transplante (Figura 1).

Figura 1: Cultura em ponto de colheita.

Colheita manual de tomate - A colheita manual (Figura 2) é geralmente feita em duas etapas. A primeira, quando 70% a 80% dos frutos estão maduros, e a segunda, cerca de dez a quinze dias após a primeira colheita. É possível realizar a colheita em uma única etapa utilizando-se cultivares de maturação concentrada, desde que o período de maturação coincida com dias quentes e não ocorra excesso de fornecimento de nitrogênio. Pode-se também acelerar a maturação dos frutos reduzindo as irrigações aproximadamente 90 dias após germinação, e/ou quando cerca de 20% dos frutos encontram-se maduros. A decisão de fazer uma segunda colheita irá depender do preço do tomate e da quantidade de frutos a serem colhidos nessa etapa, levando-se sempre em conta que os custos da segunda colheita são maiores e que a qualidade do produto é inferior.

Figura 2: Colheita manual.

Se a lavoura estiver com maturação muito irregular, não se deve esperar o amadurecimento da maioria dos frutos, pois as pencas inferiores podem apodrecer. Nesse caso, faz-se a primeira colheita antes que se inicie o apodrecimento dos frutos das primeiras pencas. Na segunda colheita, parte dos frutos ainda está verde ou em fase de maturação, exigindo maior vigilância para que não se ultrapassem os limites mínimos de qualidade, principalmente quanto à presença de frutos com escaldadura, amarelados, verdes e podres.

Colheitas antecipadas – para evitar o apodrecimento de frutos ou para destinar parte da produção ao mercado de frutos in natura – têm o inconveniente de causar uma exposição dos remanescentes à radiação solar direta, o que resulta em escaldadura dos mesmos, prejudicando a qualidade.

A colheita deve ter início nos carreadores, procedendo-se simultaneamente ao deslocamento dos ramos para cima dos canteiros (penteamento), deixando livre o carreador para o trânsito de veículos e de pessoas. Os operários devem ser distribuídos em grupos de cerca de 30 pessoas, comandados por um fiscal encarregado de contabilizar a produção, fazer o controle de qualidade, orientar os operários para não danificarem as plantas e controlar a distribuição da caixaria. As caixas usadas na colheita são do tipo Cruzeiro, com capacidade para 20 a 22 kg.

Colheita mecanizada - Atualmente, a maior parte da colheita vem sendo feita com colheitadeira mecânica (Figura 3). Os equipamentos atualmente em uso no Brasil são automotrizes que cortam as plantas rente ao solo, sendo a parte aérea recolhida e os frutos destacados por meio de intensa vibração. Essas colhedeiras têm capacidade de colher cerca de 15 toneladas por hora, o que corresponde a aproximadamente 3 ha/dia.

Figura 3: Colheita mecanizada.

O uso de cultivares com maturação concentrada e com frutos firmes contribui para o sucesso da colheita mecanizada. As cultivares mais indicadas para esse tipo de colheita devem apresentar maior capacidade de permanência em campo, folhagem sadia, frutos firmes e baixa percentagem de frutos podres ao atingirem o estádio de maturação.

A colheita mecanizada reduz a qualidade da produção por causar mais danos aos frutos e resultar em maior acúmulo de impurezas junto ao produto colhido, quando comparada à colheita manual. Além disso, as colhedeiras necessitam de um bom serviço de assistência técnica e manutenção para perfeito funcionamento. Do ponto de vista sanitário, o uso da colheita mecanizada é vantajoso, pois diminui o trânsito de pessoal e de caixas nas lavouras, reduzindo a disseminação de pragas e de doenças. A colheita mecanizada também favorece a programação da colheita; pois, além de depender de um menor número de pessoas, não depende da disponibilidade de caixas de plástico para armazenamento e transporte da produção.

Transporte - O transporte do tomate nas principais regiões produtoras é feito a granel (figura 4). O transporte a granel facilita a descarga nas fábricas, reduzindo o gasto com mão-de-obra e os custos de aquisição, transporte e manuseio das caixas. Entretanto, o transporte a granel exige que a cultivar possua frutos menos sujeitos a danos mecânicos para minimizar perdas.

Figura 4: Uma das formas de transporte.

Apesar de a maior parte da produção de tomate para as indústrias processadoras ser feita a granel, esse tipo de transporte resulta em perdas para o produtor e para as indústrias. Para o produtor, ocorre perda pela drenagem do suco, que geralmente é feita antes da pesagem; na indústria, é resultante da perda de suco de frutos amassados na água de descarga e nas piscinas. Além da perda quantitativa, o transporte a granel também reduz a qualidade da matéria-prima, pois os frutos amassados são facilmente contaminados por fungos e bactérias.

Destruição dos restos da cultura – Imediatamente após a colheita, deve-se providenciar a destruição dos restos culturais, por meio de aração, visando reduzir a proliferação de pragas e doenças. Porém, antes de se fazer essa operação, é necessário descompactar pelo menos as faixas dos carreadores, usando subsoladores. Na indisponibilidade de equipamentos, deve-se enleirar e queimar os restos culturais.

Qualidade - O tomate destinado ao processamento deverá apresentar coloração vermelho-intensa e ser uniforme, sem pedúnculo, fisiologicamente desenvolvido, maduro, limpo, com folha de textura firme e avermelhada, livre de danos mecânicos e fisiológicos e de pragas e doenças. No entanto, a presença de frutos com defeitos é tolerada dentro dos limites estabelecidos pela Portaria nº 278, de 30 de novembro de 1988, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Tabelas 1 e 2). Além dos cuidados com a qualidade, na primeira colheita ainda devem ser observados os seguintes pontos: não colocar as caixas sobre as plantas, não revolver as plantas em demasia, não permitir que os operários transitem sobre os canteiros e se assentem sobre as plantas.

No transporte a granel, o carregamento deverá ter início quando existir uma quantidade de caixas cheias que permita completar a carga do caminhão. A operação deverá ser feita o mais rápido possível, para evitar a compactação excessiva das camadas inferiores dos frutos. O período entre o início do carregamento e a descarga na indústria deve ser o menor possível. Ao lado da carroceria do caminhão, colocam-se suportes metálicos removíveis, que servem de sustentação para uma tábua de aproximadamente 60 cm de largura e 2 m de comprimento, onde ficam dois operários para receber as caixas cheias e derramá-las dentro da carroceria. O esvaziamento das caixas por operários no interior da carroceria do caminhão deve ser evitado, porque o pisoteio excessivo causa muitos danos nos frutos.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA