O tomateiro é originário da costa oeste da América do Sul, onde as temperaturas são moderadas (médias de 15ºC a 19ºC) e as precipitações pluviométricas não são muito intensas. Entretanto, floresce e frutifica em condições climáticas bastante variáveis. A planta pode desenvolver-se em climas do tipo tropical de altitude, subtropical e temperado, permitindo seu cultivo em diversas regiões do mundo.
Fatores climáticos que afetam o desenvolvimento do tomateiro
Temperatura
A maioria dos trabalhos indica que a faixa de temperatura mínima para germinação da semente de tomateiro é de 8 a 11ºC, sendo que a faixa de temperatura ótima para germinação situa-se entre 16 e 29ºC (Tabela 1).
A temperatura média no período de cultivo deve ser de 21ºC, mas a planta pode tolerar uma amplitude de 10 a 34ºC. Quando submetida a temperaturas inferiores a 12ºC, a planta de tomateiro tem seu crescimento reduzido, sendo sensível a geadas. A antese da primeira flor do primeiro cacho de plantas submetidas a uma temperatura média do ar de 20ºC ocorre, normalmente, 12 dias mais cedo do que a de plantas que se desenvolvem com temperatura média de 16ºC.
Em temperaturas médias superiores a 28ºC, formam-se frutos com coloração amarelada (Figura 1) em razão da redução da síntese de licopeno (responsável pela coloração vermelha típica dos frutos) e aumenta a concentração de caroteno (pigmento que confere coloração amarelada à polpa). Temperaturas noturnas próximas a 32ºC causam abortamento de flores, mau desenvolvimento dos frutos e formação de frutos ocos. A produção de pólen é afetada tanto por temperaturas altas (> 40ºC) quanto por temperaturas baixas (< 10ºC).
Figura: Frutos descoloridos resultantes da ocorrência de altas temperaturas.Temperaturas superiores a 26ºC causam redução no ciclo da cultura. Esse fator deve ser considerado pelas firmas processadoras na fase de programação de colheita para evitar acúmulo de maturação de frutos em um mesmo período. A utilização de cultivares com diferentes ciclos de maturação, juntamente com uma boa programação de plantio, pode auxiliar no escalonamento da colheita.
Precipitação pluvial
Embora o tomateiro seja uma planta muito exigente em água, o excesso de chuvas pode limitar seu cultivo. Altos índices pluviométricos e alta umidade relativa favorecem a ocorrência de doenças, exigindo constantes pulverizações de agrotóxicos. O excesso de chuva ou de aplicação de água por irrigação prejudica também a qualidade dos frutos, por causa da redução do teor de sólidos solúveis (º Brix) e do aumento de fungos na polpa. Em solos mal drenados, pode ocorrer acúmulo de umidade, com limitação de crescimento radicular, tornando as plantas menos eficientes na absorção de nutrientes e mais suscetíveis às variações da umidade do solo.
Fotoperíodo
O tomateiro não responde significativamente ao fotoperíodo, desenvolvendo-se bem tanto em condições de dias curtos quanto de dias longos. O fotoperíodo exerce pouca influência no florescimento de L. esculentum. Entretanto, algumas espécies silvestres só florescem em dias curtos.
Pouca luminosidade provoca um aumento da fase vegetativa, retardando o início do florescimento.
Umidade relativa
Em regiões de alta umidade relativa ocorre a formação de orvalho e as folhas se mantêm úmidas por longo período do dia, principalmente aquelas localizadas na parte inferior das plantas. Isso favorece o desenvolvimento de doenças, principalmente as causadas por fungos e bactérias (ver capítulo de doenças).
Por ocasião da escolha da área, devem-se evitar locais de baixadas e vales, onde geralmente é menor a circulação do ar e, portanto, maior o período de permanência do orvalho nas plantas, especialmente nas partes mais sombreadas.
Granizo
Dependendo da intensidade, o granizo pode danificar frutos, folhas e caules (Figura 2), causando enormes perdas ou promovendo proliferação de doenças. Áreas com alta probabilidade de ocorrência de granizo não devem ser utilizadas.
Figura: Danos nos frutos e na planta causados por granizo.Época de Plantio
O tomate para processamento industrial deve ser preferencialmente plantado em épocas ou em locais de pouca precipitação pluvial e baixa umidade relativa do ar.
No oeste do Estado de São Paulo, o plantio é recomendado de fevereiro a meados de junho. Plantios antecipados (janeiro), embora comumente realizados nessa região, podem ser prejudicados por excesso de chuvas que propiciam a ocorrência da mancha-bacteriana. Nesse caso, devem-se utilizar cultivares mais tolerantes a essa bacteriose e um maior espaçamento entre plantas. Plantios mais tardios (junho/julho) sujeitarão a lavoura a chuvas durante o período de colheita e a maiores infestações de traça-do-tomateiro, prejudicando a qualidade do produto.
Na Região Nordeste, no Alto, Médio e Submédio São Francisco, a época de plantio mais recomendada é também de março a meados de junho, quando ocorrem temperaturas mais amenas e menor precipitação pluvial. Plantios mais tardios ficam sujeitos a maiores danos pela traça-do-tomateiro. Na região de Pesqueira-PE, onde predominam os cultivos não-irrigados, a época de plantio mais recomendada é do início de março até o final de abril. Visando implementar um programa de manejo integrado de pragas para a região de plantio nos Estados de Pernambuco e da Bahia, o Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária estabeleceu, pela Portaria nº 53, de 27/02/1992, os períodos limites para o plantio de tomate naquela região e ainda condicionou a concessão de crédito apenas para os produtores que obedecerem ao cronograma de plantio e que destruírem os restos culturais imediatamente após a última colheita.
Na Região Centro-Oeste, os plantios podem ser iniciados na segunda quinzena de fevereiro, podendo estender-se até meados de junho. Em fevereiro, os plantios são dificultados pela alta incidência de chuvas no período. Utilizando-se o sistema de produção de mudas em ambiente protegido para posterior transplante, é possível antecipar o início dos plantios no campo. Entretanto, em anos chuvosos, o uso das máquinas de transplante de mudas fica prejudicado, dificultando a antecipação dos plantios.
Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA