Escolha da área e preparo do solo
As propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos devem ser consideradas antes da decisão de se efetuar os plantios, devendo-se evitar áreas que tenham possibilidade de encharcamento, com topografia muito irregular e que apresentem manchas ou bancos de areia, cascalho ou pedras. Quanto aos aspectos biológicos, é importante evitar áreas com presença de patógenos. Para isso, deve-se recorrer ao histórico dos plantios anteriores, alertando-se para a ocorrência de nematóides formadores de galhas, mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), murcha-de-estenfílio, murcha-de-fusário e murcha-bacteriana. Deve-se também evitar o plantio em áreas próximas às ocupadas com outros cultivos, onde possa ocorrer a reprodução de insetos, tais como mosca-branca, tripes e pulgões, prevenindo-se contra seus danos diretos ou indiretos (vetores de viroses).
O excesso de restos culturais ou de plantas voluntárias diminui a eficiência dos equipamentos utilizados no preparo do solo, resultando na necessidade de realizar repetidamente algumas operações, tendo como conseqüência o alto movimento de máquinas, elevação dos custos e solos irregularmente preparados. Uma das formas de reduzir o volume dos restos culturais consiste em passar uma grade aradora e aguardar o período de pelo menos quinze dias, para que ocorra a decomposição parcial do material. Outra opção é realizar uma roçagem e o enleiramento dos restos vegetais.
Quanto às propriedades físicas do solo, deve-se, sempre que possível, escolher áreas com solos leves, ou seja, com boa distribuição das frações granulométricas (areia, silte e argila), profundos e permeáveis.
Antes de se iniciar a operação de preparo do solo, deve-se verificar a presença ou não de camadas adensadas. A presença e a profundidade dessas camadas adensadas são detectadas por sondagens com penetrômetros ou pela abertura de trincheiras. Deve-se também coletar amostras de solo para análise química. A aplicação de calcário, se necessária, deve ser feita dois meses antes do plantio e no período em que ainda ocorram chuvas. Quando a dosagem de corretivo recomendada for superior a 2 t/ha, a calagem deve ser dividida em duas aplicações, sendo a primeira antes da aração, e a segunda, após a primeira gradagem. Quando o solo apresentar pH acima de 5,0, a correção é complementar e o corretivo pode ser aplicado de uma só vez e incorporado.
A salinidade, ou concentração de sais solúveis no solo, avaliada pela condutividade elétrica, deve merecer atenção especial, principalmente em regiões onde a água de irrigação apresenta alta concentração de sais. O solo é considerado salino quando apresenta condutividade elétrica superior a 4 ds.m-1. Irrigação adequada e boa drenagem evitam o acúmulo de sais.
Existem várias opções de preparo do solo, e a escolha depende da disponibilidade de equipamentos, da textura, do grau de compactação do solo e do sistema de plantio.
Em solos compactados, a primeira operação é a subsolagem ou aração profunda (superior a 30 cm). A subsolagem deve ser feita com baixa umidade do solo, para ter ação lateral de quebra da camada adensada. No entanto, com solo muito seco pode ocorrer a formação de grandes torrões, dificultando as demais operações de preparo de solo e o plantio. Em alguns casos, é necessário realizar uma irrigação da camada superficial antes da aração ou da subsolagem. Após a subsolagem, deve-se usar a grade aradora e completar o destorroamento com grade niveladora.
A compactação do solo é reduzida por meio do preparo mais profundo do solo, evitando-se, sempre que possível, apenas o uso da grade aradora. Caso a implantação da cultura seja feita por meio de mudas transplantadas, não há necessidade de destorroar excessivamente o terreno, evitando-se, desse modo, maior compactação do terreno. Com semeadura direta, é indispensável eliminar os torrões e os restos de vegetação, que dificultam a distribuição das sementes e a emergência das plântulas.
Atualmente, quase todas as áreas cultivadas com tomateiro destinado ao processamento industrial são plantadas com mudas produzidas em bandejas e transplantadas com auxílio de máquinas ou até mesmo manualmente, dispensando o uso de canteiros.
Quando se pretende utilizar a colheita mecanizada, além de selecionar áreas com topografia regular e de pouco declive, deve-se ter cuidado quanto à existência de pedras, tocos e outros objetos que possam danificar o equipamento.
Correção do solo
A utilização racional da calagem e de fertilizantes é de importância fundamental na tomaticultura, uma vez que esses insumos representam, em média, 20% a 25% do custo de produção.
A acidez elevada afeta a disponibilidade dos nutrientes contidos no solo ou adicionados através da adubação, influenciando a assimilação dos mesmos pelas plantas. Estima-se que a eficiência média na assimilação dos macronutrientes primários e secundários seja de 27% quando o pH é 4,5, e de 80% quando o pH é próximo de 6,0, o que torna a calagem uma prática essencial.
A necessidade de calcário, com base na análise do solo, pode ser determinada pelos seguintes métodos:
a) Método baseado nos teores de Ca + Mg trocáveis: t/ha de calcário = [(2, 0 - (meq Ca + Mg)/dm3)] x 2
b) Método baseado nos teores de Al, Ca e Mg trocáveis (recomendado para solos com mais de 20% de argila): t/ha de calcário = 2, 0 x meq de Al/dm3 + [3 - (meq de Ca + Mg/dm3)]
c) Método baseado nos teores de saturação de bases: t/ha de calcário = T(V1 – V2)/100
Onde: T (soma dos íons trocáveis) = Ca + Mg + K + (H + Al) em meq/dm3 de solo; V2 = 70, que é a % de saturação de base recomendada para o tomateiro; V1 = saturação de bases existente no solo, calculada pela fórmula: v, = S x 100/T, em que S (soma de bases trocáveis) = Ca + Mg + K em meq/dm3 de solo.
A quantidade de calcário determinada com base na análise de solo deve ser corrigida de acordo com a eficiência ou poder relativo de neutralização total (PRNT) do material a ser utilizado. É importante observar a relação entre o preço do calcário e a sua qualidade (PRNT). Deve-se preferir o uso do calcário dolomítico, que fornece simultaneamente cálcio e magnésio.
Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA