Nome científico
Brachiaria decumbens (Stapf)
Nome comum
Capim-braquiária, braquiária, decumbens, braquiarinha
Origem
É uma espécie perene, que ocorre de forma nativa no leste tropical da África (do Equador aos paralelos 30ºL, N e S). No Brasil existem dois cultivares de B. decumbens, um de procedência do IPEAN (Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Norte) introduzido em 1965 denominado cultivar IPEAN e outro em 1970 proveniente de sementes importadas da Austrália, porém de origem africana denominado cultivar Basilisk.
Características morfológicas
É uma planta perene, com altura variada, dependendo do manejo, geralmente entre 30 e 60 cm de altura, prostrada, geniculada, radicante, emitindo raízes adventícias e brotos nos nós inferiores. Os rizomas apresentam-se na forma de nódulos pequenos. As folhas são macias e densamente pilosas. Inflorescência racemosa contendo racemos com fila dupla de sementes. Os rizomas apresentam-se em forma de nódulos pequenos emitem grandes quantidades de estolões, os quais se enraizam com facilidade. As folhas são rígidas e esparsamente pilosas.
Características edafoclimáticas
Tem sido a espécie mais plantada desse gênero na região dos cerrados. Foi a primeira a ser plantada em larga escala no Brasil, embora se desenvolva melhor em regiões tropicais úmidas (1100 a 1400mm de chuva/ano), onde as estações secas não duram mais que 4 a 5 meses. A B. decumbens apresenta altas concentrações de raízes em camadas mais profundas do solo, apresentando, portanto, alta resistência ao estresse hídrico.
Apresenta larga adaptação climática até 1.750m acima do nível do mar. A temperatura ótima para o crescimento é de 30-35ºC. Cresce bem no verão, porém a produção é afetada por baixas temperaturas, sofrendo com a ocorrência de geadas.
Adaptada a muitos tipos de solos, requer boa drenagem e condições de boa fertilidade, embora tolere condições de acidez. A produção de forragem varia com a fertilidade do solo e umidade disponível. Trabalhos realizados no IPEAN indicaram que produz quantidades satisfatórias de forragem em solos com teores baixos de fósforo e potássio. No entanto, tem demonstrado respostas acentuadas a níveis mais altos de P e K no solo e N em cobertura. O seu nível de produção eleva-se conforme aumenta a fertilidade do solo. Apresenta boa tolerância ao sombreamento, e produz bem sob plantações de coco, seringueira e eucalipto. Após o estabelecimento, tem habilidade para suprimir a competição de plantas invasoras, mas dificulta, por outro lado, a consorciação com leguminosas. Apresenta boa tolerância ao fogo, recuperando-se satisfatoriamente, brotando em 15-20 dias, em plena estação seca.
Entretanto, tem sido constatados efeitos de fotossensibilidade em animais com idade de 8 a 16 meses. O agente causador da fotossensibilização hepatógena é o fungo Phitomyces chartarum presente.
A Brachiaria decumbens é indicada para os sistemas de criação de bovinos e bubalinos, no entanto não é muito bem aceita por equinos, ovinos e caprinos.
Com relação à declividade é indicada para solos fortemente ondulados a montanhosos. Requer solos de profundidade efetiva moderadamente rasos. Apresenta boa tolerância a solos de textura média a arenosos. Possui a característica de alta proteção contra a erosão do solo na pastagem.
Estabelecimento
O processo mais apropriado para o plantio do capim Brachiaria decumbens e por sementes, embora se propague por mudas. Para boa formação de pastagens utilizam-se 2,0 Kg/ha de sementes puras viáveis, o que corresponde a 8,5 Kg/ha de sementes com 24% de valor cultural. Boa compactação do terreno após a semeadura, garante melhores condições para a germinação.
O plantio pode ser feito a lanço, manual (em locais montanhosos, onde a declividade não permite mecanização ou em áreas pequenas), mecanizado por tratores e distribuidores de calcário e ainda a lanço por aviões (em áreas muito extensas, de relevo ondulado e áreas desmatadas onde ficaram tocos, paus e resíduos pós queimada, tornando mais fácil e econômico o plantio aéreo). Nestes casos são necessárias maiores quantidades de sementes/ha sendo que na maioria dos casos adota-se de 40 a 50% a mais de sementes.
Também pode ser realizado por plantadeiras devendo-se atentar para profundidade, que deverá ficar entre 2 a 5 cm com espaçamento entre linhas de 15 a 20 cm de largura.
Usando como exemplo um valor cultural (VC) de 24% a quantidade de semente a ser usada é de 8,5 kg/ha. Dessa forma fica dificultada a operação de plantio sendo necessária a adição de produtos para que se dilua a quantidade de semente. Pode ser usado como veículo o adubo, terra, sepilho de madeira, casca de arroz e outros. Na maioria dos casos é necessária a aplicação de fertilizantes para plantio, podendo a semente ser adicionada com o adubo de plantio. Deve-se tentar para que a semente não fique em contato com o adubo por mais de 24 horas devido a desidratação da mesma, diminuindo sua eficiência de germinação.
Uso, composição e produção
As Braquiárias têm se mostrado como plantas de elevado potencial de produção de MS. A quantidade de forragem produzida pode variar muito, pois depende das condições de solo, clima e manejo da espécie utilizada. Assim, foram encontradas produções variando de 1 a 36 ton de MS/ha/ano (LEITE & EUCLIDES, 1994).
O valor nutritivo da forragem é influenciado pela fertilidade do solo, condições climáticas, idade fisiológica e manejo a que está submetida. VALLE (1994), durante 2 anos encontrou média de 13% de PB para B. decumbens com corte de 6 semanas de idade, no mês de fevereiro.
As maiores mudanças que ocorrem na composição química das forrageiras são aquelas que acompanham sua maturação.
Ataque de pragas
Susceptível ao ataque de cigarrinhas das pastagens das espécies: Aeneolamia sp., Deois flavopicta. Os ataques mais intensos têm sido observados em áreas de elevada precipitação, durante o período chuvoso. Na região Amazônica deixou de ser cultivada devido aos intensos ataques de cigarrinha.
Fonte: Guia de Caracterização de Gramíneas