24 dezembro, 2012

Batata - Manejo de plantas daninhas e soqueira

A cultura de batata não deve sofrer interferência direta ou indireta de plantas daninhas para garantia da sua qualidade e produtividade. Elas interferem diretamente no desenvolvimento da cultura competindo por água, nutrientes, luz e gás carbônico (CO2), podendo ainda liberar substâncias inibidoras de crescimento, denominadas aleloquimicos. Indiretamente elas servem como hospedeiras de muitas pragas e patógenos que atacam a batata.

Em geral, é na primeira metade do ciclo vegetativo que ocorre o efeito mais adverso das plantas daninhas à cultura, reduzindo marcadamente a produção. Assim, é necessário manter a cultura no limpo nos primeiros 30 a 50 dias, época em que, normalmente se faz a amontoa.

Em áreas altamente infestadas com plantas daninhas, ocorre interferência mesmo após a amontoa, justificando, nestes casos, adotar métodos eficientes de controle para garantir boa produção. Plantas daninhas no final do ciclo da cultura não interferem significativa-mente na produção. Entretanto, podem provocar danos indiretos, dificultando a colheita, aumentando a quantidade de sementes no solo e disseminando pragas e doenças na área.

No controle das plantas daninhas, destaca-se o método cultural que engloba as práticas que tornem a cultura mais competitiva do que as plantas daninhas. Este método cultural inclui a rotação de culturas, espaçamento e plantio adequados e manejo da área após a colheita, de modo a evitar que as plantas produzam novas sementes e se proliferem. O preparo antecipado do solo, em torno de 2 a 3 semanas do plantio constitui, também, uma alternativa cultural bastante eficiente, principalmente para os casos de áreas altamente, infestadas com plantas daninhas. A emergência antecipada das mesmas facilitará sua eliminação antes do plantio, através do uso de herbicidas ou meios mecânicos.

A completa eliminação das plantas daninhas através do método cultural é difícil, pois requer muita mão- de-obra. O cultivo com máquinas apresenta o inconveniente de não eliminar as plantas daninhas nos camalhões, além de muitas vezes danificar as plantas. Em regiões onde a cultura é explorada em pequenas áreas ou em áreas acidentadas, o controle é realizado através de capinas mecânicas (tração animal) completado com capinas manuais, principalmente nos camalhóes. Em regiões onde o cultivo é mais tecnificado, normalmente em grandes áreas, é comum o uso de herbicidas na época do plantio (pré-plantio ou pré-emergência), seguido de uma ou duas cultivações (tração motorizada), as quais, geralmente, coincidem com a(s) amontoa(s).

Os herbicidas devem ser escolhidos em função da sua eficiência, segurança e economicidade, levando-se em conta o programa de rotação de culturas e outras recomendações técnicas para o cultivo.

O conhecimento das espécies de plantas daninhas na área antes do preparo do solo é fundamental para a escolha correta de herbicidas pré-emergentes que sáo usados quando as áreas estão livres de vegetação. O solo para aplicação de herbicidas em pré-plantio ou pré-emergência não deve conter torrões e deve apresentar, preferencialmente, teor de umidade inicial próximo da capacidade de campo. As menores doses de herbicidas são normalmente usadas nos solos com altos teores de areia e/ou baixos teores de matéria orgânica, e as maiores para as condições inversas.

Em áreas com baixa agressividade de plantas daninhas, devem ser usados, preferencialmente, herbicidas de pós-emergência. A aplicação de herbicidas em horários de ventos fortes deve ser evitada, pois causa a deriva dos produtos. A aplicação eficiente e correta ainda depende da calibração do pulverizador e do cálculo da dosagem. Em geral, pode-se combinar um herbicida que age sobre gramíneas com outro que atua sobre folhas largas.

Na colheita, seja manual ou mecanizada, são deixados no campo muitos tubérculos (150 a 350 mil/ha), geralmente os danificados e os menores de 4 mm de diâmetro. Esses tubérculos brotarão, constituindo novas plantas denominadas soqueira’ ou “resteva” da batata. Quando a cultura é plantada sucessivamente no mesmo local, o resultado é sempre o aumento da população da soqueira. Essas plantas funcionam como plantas daninhas nas culturas subseqüentes, hospedando insetos e patógenos. A falta de controle da soqueira de batata aumenta o problema fitossanitário da área para novos plantios ou em áreas adjacentes, agravando também o problema de mistura varietal. No controle da soqueira é muito importante que a planta seja destruída antes do desenvolvimento de novos tubérculos.

O uso de herbicida tem mostrado ser um método eficiente para controlar a soqueira da batata. Diversos herbicidas atuam nos tubérculos e plantas; entretanto, poucos são aqueles que têm baixa ou nenhuma ação residual no solo. Os produtos 2-4-D, dicamba, diquat e paraquat aplicados em pós-emergência diminuem a formação de novos tubérculos, mas somente os dois primeiros reduzem a capacidade de brotação dos tubérculos. Glyphosate e aminotriazole podem controlarcompletamente o crescimento da batata, porém, isso depende da completa emergência dos tubérculos. Aminotriazole mata os tubérculos filhos já presentes durante a aplicação, enquanto que glyphosate afeta a vabilidade destes, assim como a habilidade para produzir novas plantas. O glyphosate bloqueia a produção de novos tubérculos, principalmente, quando aplicado no início da tuberização. Em geral, a ação do glyphosate, diquat e paraquat pode ser melhorada com a adição de sulfato de amônio ou uréia à 0,2 - 0,3% na calda.

Tubérculos ou brotos não emergidos na época da aplicação de herbicidas normalmente não são afetados, podendo formar plantas sadias posteriormente. Nos casos de escapes ou rebrotas, as reaplicações dos tratamentos tornam-se necessárias para completar o controle das soqueiras.

Fonte: Batata.net