26 julho, 2012

Milho - Doenças - Doenças causadas por nematóides

Mais de 40 espécies de 12 gêneros de nematóides têm sido citadas como parasitas de raízes de milho em todas as áreas do mundo onde este cereal é cultivado. No Brasil, as espécies mais importantes, devido à patogenicidade, à distribuição e à alta densidade populacional, são Pratylenchus brachyurus, Pratylenchus zeae, Helicotylenchus dihystera, Criconemella spp., Meloidogyne spp. e Xiphinema spp. Resultados de pesquisa demonstram que o controle químico de nematóides na cultura do milho permitiu o aumento da produção de grãos em 39% em área naturalmente infestada por Pratylenchus zeae e Helicotylenchus dihystera.

A ocorrência de nematóides do gênero Meloidogyne parasitando o milho e causando prejuízos significativos em condições naturais foi relatada no Brasil em 1986, sendo identificada a espécie Meloidogyne incognita raça 3 em raízes de plantas de milho que não se desenvolveram. Contudo, o milho está entre as culturas mais recomendadas para a rotação em áreas infestadas por Meloidogyne spp.. Atualmente, devido à necessidade de se controlar o nematóide do cisto (Heterodera glycines) na cultura da soja, o milho tem sido uma alternativa para a rotação de cultura, pois não é parasitado por este nematóide. Por outro lado, estas duas culturas podem ser parasitadas por nematóides do gênero Meloidogyne, notadamente por M. incognita e M. javanica.

Sintomas

As injúrias por nematóides variam com o gênero e a população do nematóide envolvido, as condições do solo e a idade da planta de milho. Os sistemas radiculares parasitados por nematóides são menos eficientes na absorção de água e nutrientes da solução do solo. Consequentemente, uma planta parasitada tem seu crescimento reduzido, apresenta sintomas de deficiências minerais e a produção é reduzida. Plantas atacadas por nematóides apresentam, em sua parte aérea, os seguintes sintomas: enfezamento e cloroses; sintomas de murcha durante as horas mais quentes do dia, com recuperação à noite; espigas pequenas e mal granadas. Esses sintomas dão à cultura do milho uma aparência de irregularidade, podendo aparecer em reboleiras ou em grandes extensões. Quando esses sintomas, observados na parte aérea, são causados por nematóides, as raízes apresentam os seguintes sintomas:

- Encurtamento e engrossamento das raízes: Trichodorus spp., Longidorus spp. e Belonolaimus spp..
- Sistema radicular praticamente destituído de radicelas: Xiphinema spp.,
Tylenchorhynchus spp., Helicotylenchus spp., Belonolaimus spp. e Macroposthonia spp..
- Sistema radicular praticamente destituído de radicelas e com lesões radiculares e raízes apodrecidas: Pratylenchus spp., Xiphinema spp., Hoplolaimus spp. e Helicotylenchus spp..
- Sistema radicular com pequenas galhas: Meloidogyne spp..

Fator de Reprodução (FR) do nematóide

É necessário conhecer muito bem o Fator de Reprodução (FR) das espécies de nematóides que parasitam as cultivares de milho. O FR expressa se a cultivar é excelente, boa, fraca ou não hospedeira do nematóide presente na área de cultivo do milho em relação à população inicial presente no solo infestado por este nematóide. Isto é, o FR representa a população do nematóide no estádio final da cultura em relação à população inicial do nematóide presente na ocasião de semeadura. Consequentemente, a cultivar de milho a ser utilizada em plantios comerciais ou em rotação com a cultura da soja deve apresentar FR < 1, se possível igual ou próximo de zero.

Na avaliação da reação de 107 genótipos de milho a Meloidogyne incognita raças 1, 2, 3 e 4 e a M. arenaria raça 2, incluindo populações de polinização aberta, linhagens, cruzamentos intervarietais e híbridos comerciais, os resultados mostraram que todos os genótipos foram bons hospedeiros desses nematóides. O FR para Meloidogyne incognita raça 1 variou de 8,5 a 24,3 e para a raça 3 variou de 5,3 a 34,8; enquanto que, para M. arenaria raça 2, variou de 16,2 a 31,9. Estes resultados mostram a existência de variabilidade genética entre os genótipos avaliados. Em outro ensaio de resistência a Meloidogyne incognita raça 3, empregando-se 29 cultivares de milho recomendadas para o estado de São Paulo, todas as cultivares mostraram-se suscetíveis ao nematóide (FR > 1).

O milho tem sido amplamente recomendado para rotação em áreas infestadas com Meloidogyne javanica. No entanto, mesmo não mostrando sintomas de galhas evidentes, algumas cultivares permitem uma acentuada multiplicação deste nematóide. Em avaliação de 36 genótipos de milho em relação à patogenicidade de M. javanica, todos apresentaram o FR < 1, indicando que estes genótipos diminuíram a população inicial deste nematóide no solo. Contudo, recentemente, em 18 genótipos de milho avaliados, todos comportaram-se como bons hospedeiros de M. javanica, com o FR variando de 2,2 a 6,9.

Controle

A utilização de cultivares resistentes é a medida mais eficiente e econômica para o controle dos nematóides que parasitam a cultura do milho. A rotação de culturas com espécie botânica não hospedeira dos nematóides presentes na área de cultivo também é recomendada. A utilização de plantas armadilha como Crotalaria spectabilis, as quais atraem e aprisionam larvas de nematóides, é especificamente recomendada para o controle de Meloidogyne spp. A espécie Crotalaria juncea possui alto potencial de multiplicação dos nematóides Pratylenchus spp. e Helicotylenchus spp., enquanto a rotação com mucuna preta (Mucuna aterrima) diminui as populações iniciais de Pratylenchus spp.. O controle químico dos nematóides parasitas do milho depende da disponibilidade de produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como da análise econômica da utilização desta tecnologia.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA