24 julho, 2012

Milho - Doenças - Enfezamentos

Importância e distribuição

Os enfezamentos do milho (doenças sistêmicas associadas a infecções dos tecidos do floema das plantas) são considerados doenças importantes para essa cultura no Brasil pelas perdas elevadas na produtividade e por sua ampla ocorrência nas principais regiões produtoras de milho. Os plantios tardios e de safrinha (iniciados a partir de meados de janeiro) contribuem para o aumento da incidência e das perdas causadas pelos enfezamentos devido ao aumento da população do inseto vetor nesta época. Esse fato pode ser agravado em sistemas de plantios sucessivos de milho.

Etiologia

Os enfezamentos são causados por patógenos pertencentes à classe dos Mollicutes, cuja transmissão é realizada de forma persistente e propagativa pela cigarrinha Dalbulus maidis. O enfezamento pálido é causado por um procarionte pertencente à espécie Spiroplasma kunkelli. O enfezamento vermelho é causado por procarionte pertencente ao gênero Phytoplasma, denominado pelo nome comum fitoplasma.

Sintomatologia

Enfezamento vermelho

Os sintomas típicos dessa doença são o avermelhamento das folhas, a proliferação de espigas, produção de espigas pequenas, perfilhamento na base da planta e nas axilas foliares, encurtamento dos entrenós, incompleto enchimento de grãos e seca precoce das plantas.

Enfezamento pálido

Os sintomas característicos são estrias esbranquiçadas irregulares na base das folhas, que se estendem em direção ao ápice. Em alguns casos, observa-se um amarelecimento das plantas e o surgimento de áreas avermelhadas nas folhas apicais. Normalmente, as plantas são raquíticas devido ao encurtamento dos entrenós, podendo haver uma proliferação de espigas pequenas e sem grãos. Quando há produção de grãos, eles são pequenos, manchados e frouxos na espiga. As plantas podem secar precocemente.

Em ambos os casos, os sintomas são mais evidentes na fase de enchimento dos grãos. A identificação precisa dos enfezamentos com base apenas nos sintomas, no campo, nem sempre é uma tarefa fácil, tornando-se necessário o uso de exames laboratoriais para a correta diagnose.

Epidemiologia

Os Molicutes, Spiroplasma kunkelli e Phytoplasma ocorrem somente em células do floema de plantas doentes de milho e são transmitidos de forma persistente e propagativa pela cigarrinha Dalbulus maidis, que, ao se alimentar em plantas doentes, adquire os molicutes e os transmitem para as plantas sadias. O período latente entre a aquisição dos patógenos e a sua transmissão pela cigarrinha varia de três a quatro semanas. A incidência e a severidade dessas doenças são influenciadas pelo grau de suscetibilidade da cultivar, pela época de semeadura (semeaduras tardias favorecem a doença), pela temperatura e umidade e pela população do inseto vetor. A ocorrência de temperatura e umidade elevadas e a alta densidade populacional de cigarrinhas, coincidentes com fases iniciais de desenvolvimento da lavoura de milho, favorecem o desenvolvimento da doença em elevada severidade. O milho é o único hospedeiro conhecido da cigarrinha Dalbulus maidis.

Controle

O controle mais eficiente dos enfezamentos consiste na utilização de cultivares resistentes. Outras práticas recomendadas para o manejo dessas doenças são: evitar semeaduras sucessivas de milho; fazer o pousio por período de dois a três meses sem a presença de plantas de milho; e alterar a época de semeadura, evitando-se a semeadura tardia da cultura. O uso de inseticidas para o controle do inseto vetor não tem apresentado eficiência satisfatória na redução da incidência dos enfezamentos.

Figura: Sintomas do enfezamento vermelho em planta de milho.
Figura: Campo apresentando elevada incidência de plantas com Enfezamento.
Figura: Sintomas do enfezamento pálido em planta de milho.
Figura: Detalhe das estrias esbranquiçadas irregulares, na base das folhas, que se estendem em direção ao ápice.

Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA