Dentre os elementos climáticos que mais influenciam na produção de feijão salientam-se a temperatura, a precipitação pluvial e a radiação solar. Em relação ao fotoperíodo, a planta de feijão pode ser considerada fotoneutra.
A temperatura é o elemento climático que mais exerce influência sobre a porcentagem de vingamento de vagens e, de maneira geral, faz referência sobre o efeito prejudicial das altas temperaturas sobre o florescimento e a frutificação do feijoeiro. Temperaturas baixas reduzem os rendimentos de feijão, por provocar abortamento de flores, que por sua vez pode, também, resultar em falhas nos órgãos reprodutores masculino e feminino. Alta temperatura acompanhada de baixa umidade relativa do ar e ventos fortes têm maior influência no pegamento e retenção de vagens.
A diversidade climática, presente em todo território brasileiro, faz com que ocorram temperaturas abaixo de 0°C no Sul durante o inverno, contrastando com altas temperaturas e umidade relativa do ar elevada (>80%) nos estados localizados na região Norte. Estas condições inviabilizam o cultivo de feijão na Região Sul na época de inverno, da mesma forma que o limitam também no Norte, devido ao maior risco de ocorrência de doenças.
O feijão é mais suscetível à deficiência hídrica durante a floração e o estádio inicial de formação das vagens. O período crítico se situa 15 dias antes da floração. Ocorrendo déficit hídrico, haverá queda no rendimento devido à redução do número de vagens por planta e, em menor escala, à diminuição do número de sementes por vagem.
Devido à irregularidade na distribuição pluvial, o risco climático, que é caracterizado pela quantidade de água no solo disponível para as culturas, é acentuado em função da diminuição freqüente na quantidade de água para as culturas. Muitas vezes, esta irregularidade pluvial é traduzida por períodos sem chuva que duram de 5 a 35 dias, principalmente no cerrados brasileiro, podendo provocar redução na produção de grãos. Entretanto, acredita-se que o efeito negativo causado pela diminuição de água pode ser minimizado conhecendo-se as características pluviais de cada região e o comportamento das culturas em suas distintas fases fenológicas, ou seja, semeando naqueles períodos em que a probabilidade de diminuição da precipitação pluvial é menor durante, principalmente, a fase de florescimento-enchimento de grãos.
As simulações do balanço hídrico associadas a técnicas de geoprocessamento, permitiram identificar no tempo e no espaço, as melhores datas de semeadura do feijoeiro nas diferentes regiões do Brasil. Com chance de perda de dois anos em dez, ou seja, 80% de chances de sucesso, evitando-se o veranico na fase de enchimento de grãos. As variáveis a serem consideradas por ordem de importância são: retenção de água no solo e duração do ciclo. Quanto maior a capacidade de armazenamento de água no solo, associado ao ciclo mais curto, menores serão as perdas. O risco de perda se acentua quanto mais tarde for à semeadura, independente do solo e do ciclo da cultura. De forma geral, é possível concluir que, para semeaduras realizadas após 15 de fevereiro, o risco climático é bastante acentuado para a cultura do feijoeiro, exceto em algumas localidades do Estado de Mato Grosso, o qual apresenta uma distribuição pluvial bastante regular.
Fonte: Sistemas de Produção EMBRAPA