Utilizada para limpar e preparar o solo para o plantio, a queimada ainda é uma prática comum entre agricultores, principalmente com menos recursos financeiros. No entanto usar o fogo com esses objetivos não traz nenhum benefício ao produtor. Pelo contrário. Essa prática primitiva causa danos ao solo e aos demais recursos naturais. É o que explica o coordenador substituto de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Luiz Novais de Almeida.
Agosto tem o maior índice de registro de incidências de queimadas no país. “Sob o ponto de vista agronômico, o Ministério da Agricultura não recomenda. A queimada elimina nutrientes essenciais às plantas, como nitrogênio, potássio e o fósforo. A flora e a fauna são prejudicadas. Além disso, a prática reduz a umidade do solo e acarreta a sua compactação, o que resulta no desencadeamento do processo erosivo e outras formas de degradação da área”, alerta Novais.
O coordenador explica que, na medida em que provoca alterações nas características físicas, químicas e biológicas do solo, a queimada contribui, significativamente, para a degradação e redução da capacidade produtiva da terra. “E como o solo é a base de todo o sistema agrícola, gera prejuízos na produtividade das culturas e aumenta os custos de produção. Os impactos são sociais, econômicos e ambientais. Isso traduz a importância da conscientização dos produtores, no sentido de não utilizarem esta prática”, afirma.
Além de afetar os solos, o fogo deteriora a qualidade do ar, levando até ao fechamento de aeroportos por falta de visibilidade, reduz a biodiversidade e prejudica a saúde humana. Ao escapar do controle, atinge o patrimônio público e privado (florestas, cercas, linhas de transmissão e de telefonia, construções, etc.). As queimadas alteram a composição química da atmosfera e influem, negativamente, nas mudanças globais, tanto no efeito estufa quanto na redução da camada do ozônio.
Do ponto de vista técnico, só seria admissível a utilização de queimada no campo em situação de emergência fitossanitária, como a ocorrência de pragas e doenças na lavoura. “Mas isso seria em casos muito pontuais e extremos, com a aprovação de um especialista”, ressalta.
Estudos
A principal fonte de informações sobre queimadas no Brasil é Embrapa Monitoramento por Satélite, centro temático da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com foco em pesquisas e inovações geoespaciais para a agricultura. Usando suas informações, outras unidades da Empresa desenvolveram tecnologias que, se devidamente utilizadas, ajudam a evitar a prática das queimadas como instrumento de manejo, trazendo benefícios ao meio ambiente e à sociedade.
Fonte: Ministério da Agricultura