Ministério da Agricultura apoia bancos comunitários de sementes como estratégia para facilitar o acesso dos agricultores e fomentar o intercâmbio.
Conservar e multiplicar variedades de sementes crioulas é uma atividade desenvolvida por agricultores familiares, comunidades quilombolas e indígenas em todo o Brasil. Sem passar por processo de melhoramento genético, essas sementes são resultado de um trabalho de seleção natural feito por quem observa as características das plantas por vários anos.
O analista da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Leonel Gonçalves Pereira Neto, explica que esse material pode apresentar maior resistência aos fatores climáticos adversos e adaptação a diferentes tipos de solos. “Temos sementes de milho coletadas há mais de 40 anos em nossa coleção de base. O material é preservado e pode ser usado para resgatar espécies que forem perdidas ou deixaram de ser tão produtivas em determinados tipos de clima e solo”, ressalta.
Entre as variedades crioulas, existem sementes de milho, feijão, arroz silvestre, cucurbitáceas (da família das abóboras), fava (tipo de leguminosa), entre outras. Algumas possuem características ecológicas e nutricionais que podem contribuir significativamente para a autonomia, a segurança alimentar e aumento de renda quando disponibilizadas aos agricultores familiares.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em conjunto com vários parceiros nacionais e estaduais, mantém o programa de Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes, que também contribui para o incremento e conservação de recursos genéticos da agrobiodiversidade e, consequentemente, com o trabalho dos guardiões de sementes.
“O apoio à formação e manutenção de bancos comunitários de sementes é uma importante estratégia para colaborar com a tradição que já existe em muitas comunidades rurais de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, de semear e preservar sementes crioulas”, afirma Jorge Gonçalves, da Coordenação de Agroecologia do Mapa.
Juntos, os bancos comunitários e os guardiões de sementes promovem a segurança alimentar, estimulam a organização dos agricultores e a valorizam os produtos da sociobiodiversidade. No caso específico das sementes de espécies de adubos verdes, o programa de bancos comunitários facilita o acesso dos agricultores ao material que dificilmente é encontrado no mercado. Além disso, promove a conservação e uso de espécies florestais nativas.
Conservação
A pesquisadora Terezinha Dias, também da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, define os guardiões de sementes como “agricultores que se destacam dos demais por serem grandes conservadores da diversidade de cultivos, que são identificados e reconhecidos pela comunidade a qual pertencem”. Segundo ela, eles são pessoas-chave para o repasse de conhecimentos tradicionais relacionados à agricultura.
Regional
O programa de Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes envolve principalmente agricultores e técnicos da assistência técnica e extensão rural. Atualmente, 1,5 mil agricultores participam da iniciativa em 15 estados brasileiros (RS, SC, PR, SP, RJ, MG, ES, BA, PB, PI, AC, MS, MT, TO e DF). Atualmente, são apoiados 300 bancos comunitários e familiares de sementes. A meta, até 2015, é apoiar 800 bancos.
Recentemente, um levantamento da Embrapa identificou 70 guardiões de sementes em diferentes regiões do Rio Grande do Sul. O estudo caracterizou funções agronômicas e nutricionais de cem cultivares crioulas de culturas como milho, feijão e cucurbitáceas. Entre estas, foram selecionadas 30 coleções com características especiais para multiplicação e redistribuição a mais de 20.000 agricultores do estado, ação fundamental para retomar o conhecimento tradicional de seleção de plantas e sementes pelos agricultores familiares.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento