Falta de reajuste nos preços da gasolina, pela estatal brasileira de petróleo, afeta diretamente o setor sucroalcooleiro.
O setor sucroenergético ainda sofre com os parcos investimentos nas últimas safras. E a questão do etanol se manteve a mesma, colocado contra o muro, quando o assunto é livre mercado, já que o produto ainda não se tornou uma commodity e o açúcar continua sendo a moeda forte nos resultados das usinas.
Isso ganhou ainda mais peso depois da divulgação do balanço do segundo trimestre de 2012 da estatal brasileira de petróleo. "Com prejuízo de amargar, são quase US$ 700 milhões, muitos acreditam que mudanças profundas possam ocorrer na empresa. A presidente da estatal, executiva reconhecidamente competente, mostrou credibilidade ao comentar os problemas. Porém, com certa sutileza, falou que 'as perdas foram provocadas por uma série de razões, algumas que dependem da empresa e outras não' e completou dizendo que 'é preciso se concentrar nas causas que a companhia pode controlar'. Ou seja, até as pedras rolantes sabem que os desmandos políticos estão fora do controle da executiva, lamentavelmente", opina Arnaldo Corrêa, gestor de riscos e diretor da Archer Consulting.
De acordo com Arnaldo, se o preço atual do petróleo fosse convertido em reais, perceberíamos que hoje está bem acima da média de 12 meses (190 reais o barril contra a média anual de 170) e perto do pico do ano que foi de 205 reais. "O governo deveria estar preocupado, porque a conta não bate. Quando o ministro da fazenda dizia que não haveria aumento no final de junho, era exatamente em um momento em que o preço do petróleo, em reais, estava mais baixo (abaixo de 160). Agora a situação é bem diferente", completa o gestor de riscos.
E nessa onda de tentativas e erros, o setor sucroalcooleiro mais uma vez deverá ser considerado o vilão na história. De acordo com a Archer Consulting (empresa focada em gestão de riscos em Mercado de Futuros, Opções e Derivativos Agrícolas), para que o país volte a consumir até 60% de etanol nos veículos flex daqui a três anos, isto é, na safra 2015/2016, e para elevar a mistura de anidro na gasolina dos atuais 20% para os habituais 25%, teríamos que moer 830 milhões de toneladas no Brasil. "Para chegar nesse cenário, seriam necessários investimentos de R$ 95 bilhões nos próximos anos. Sem transparência na formação de preço do etanol, ou seja, sem regras claras de qual remuneração esse novo investimento teria, ninguém se habilitaria a essa aventura. Seria insustentável", acredita Arnaldo.
A questão, segundo o gestor de riscos, é que sem o etanol a situação da empresa estatal fica mais complicada. "O petróleo mais caro, a desvalorização do real em relação ao dólar, a explosão dos preços do milho no mercado internacional e a falta de investimentos no setor sucroalcooleiro desde 2008 parecem se acumular numa só fatura, cujo preço a pagar é muito alto e cujo vencimento já está se aproximando", arremata.
Fonte: AGROLINK (http://www.agrolink.com.br)